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OPERAÇÃO SOCIAL
Contrapartida será exigida de todos os beneficiados com dinheiro
Governo "enquadra" Fome Zero e unifica os programas
GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo achou uma fórmula
para unificar os programas sociais de geração de renda, incluindo o Fome Zero, sem criar conflito entre os ministros, especialmente Benedita da Silva (Assistência e Promoção Social) e José
Graziano (Segurança Alimentar).
O governo terá apenas um cartão de distribuição de dinheiro
para todos os programas: Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação, Vale-Gás, programa de erradicação do trabalho infantil e Fome Zero.
O que até recentemente era um
impasse -a contrapartida dos
beneficiados- já é praticamente
consenso: todos os que receberem
dinheiro terão de fazer algo pela
família, como manter os filhos na
escola e frequentar o posto de
saúde. E o cartão será em nome da
mulher -ela é que receberá o dinheiro repassado mensalmente.
O governo ainda não bateu o
martelo em relação ao valor mínimo do benefício, mas ainda se trabalha com um piso de R$ 50, que é o valor repassado mensalmente
por meio do Cartão-Alimentação.
Já está certo que quem tiver filhos em idade escolar receberá
um adicional sobre o piso, referente à Bolsa-Escola. Se a família
tiver gestantes, nutrizes ou crianças abaixo de seis anos com algum nível de desnutrição, receberá um valor a mais referente ao
Bolsa-Alimentação.
A novidade é que quem receber dinheiro apenas referente ao Cartão-Alimentação também terá de fazer alguma coisa. Algumas das
alternativas propostas são cursos de alfabetização de adultos ou capacitação para atividades comunitárias de geração de renda.
A alternativa agradou a Graziano porque foi uma forma de achar
uma contrapartida específica para o Fome Zero. Ele resistia à adoção de contrapartidas, mas acabou sendo obrigado a aceitá-las.
A proposta de unificação será
apresentada na próxima reunião
da Câmara de Política Social, que
ocorrerá nos próximos dias.
A ministra Benedita da Silva
disse que o governo estuda ir aumentando gradativamente as
obrigações das mulheres para que
elas possam, a médio prazo, dar
um pouco de autonomia financeira às suas famílias.
A declaração da ministra Benedita é o objetivo mais perseguido
pelos programas sociais: levar os
pobres a quebrar o ciclo de exclusão, fazendo com que os chefes de
família evoluam, aumentando
seu grau de escolaridade ou a capacidade de se sustentar. A pergunta é como isso será feito.
Ou seja: nos primeiros três meses de governo, os ministros da
área social concentraram a disputa de dinheiro, espaço e poder na
discussão sobre contrapartida.
Superada essa fase, começa agora
uma discussão mais complexa:
qual será a cara da política social
do governo Lula. Para se ter idéia
de como isso ainda está embrionário, na semana passada o governo foi convidado a expor sua política de redução de pobreza
num seminário internacional promovido em Brasília.
"Estou aqui para dizer em 20
minutos o que ninguém conseguiu explicar até agora", disse Flávio Botelho, secretário-executivo
da Segurança Alimentar.
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