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ELIO GASPARI
O tamanho da herança (maldita?)
FFHH sempre insistiu numa coisa: o Brasil tem rumo.
Tem, e é para trás. É a tal da
"herança maldita" que as tungas e os juros de Lula preservam
e aprofundam. Como lembra o
vice-presidente José Alencar, no
primeiro trimestre deste ano,
gastaram-se com juros R$ 44,9
bilhões (12,28% do PIB). A despesa ficou 54,85% acima do
mesmo período do ano passado,
o último da maldita herança. A
cada ano os governantes anunciam que no ano que vem a economia vai crescer. Tomara que
a promessa petista para 2004
possa ser cumprida, porque
2003 já foi ao vinagre. Até lá,
pode-se visitar o estrago.
Nem uma migalha dessa ruína foi produzida por Lula ou pelo PT. Eles apenas se encantaram pela política que a produziu.
A revista "Estudos Avançados", da Universidade de São
Paulo, está circulando com um
artigo intitulado "O mercado de
trabalho na região metropolitana de São Paulo", da socióloga
Marise Pimenta Hoffmann e do
economista Sérgio Mendonça,
ambos do Dieese. É um estudo
do que aconteceu entre 1989 e
2001 com a mão-de-obra da
principal área urbana do país,
onde vivem perto de 20 milhões
de pessoas. Uma devastação,
parecida com a de outras grandes cidades brasileiras. As principais desgraças foram três. A saber:
1) Destruíram-se os empregos:
Em 1989 havia 6,43 milhões de
trabalhadores empregados em
São Paulo. Os desempregados
eram 614 mil. Em 2001 os empregados eram 7,6 milhões. Os
desempregados, 1,62 milhão.
Produziram-se mais desempregados do que empregos. Desapareceram 600 mil postos de trabalho nas indústrias. Em
1989 um desempregado gramava 15 semanas para arrumar
serviço. Em 2001, gramou 48 semanas. Um cidadão que tenha
ficado sem trabalho no último
dia de governo FFHH talvez só
se empregue perto do Natal.
(Nos próximos meses as ekipekonômicas dos governos Itamar
Franco, FFHH e Lula poderão
realizar uma cerimônia para
marcar a quebra da barreira
dos 2 milhões de desempregados
na Grande São Paulo.)
2) Deteriorou-se o mercado de
trabalho:
Os trabalhadores do setor privado com carteira assinada caíram de 67,3% para 54,9%. Grosseiramente, se em 1989 havia
cinco metalúrgicos para um empregado doméstico, em 2001, para cada cinco metalúrgicos, havia dois empregados domésticos. Esse pedaço da mão-de-obra passou de 6,1% para 8,4%.
3) Trabalha-se mais para ganhar menos:
Mais de 40% dos assalariados
sempre trabalharam 45 ou mais
horas semanais. Em 1989 eram
42,7%. Em 2001, 43,3%. Até aí
tudo bem, trabalhar não faz
mal a ninguém. O problema está em trabalhar mais para ganhar menos.
Em 2001 a renda ficou 30%
abaixo de 1989. Todos os setores
perderam renda e quem mais
apanhou foi o comércio (-40,9%). A turma dos salários
mais baixos perdeu menos,
caindo de R$ 240 (em dinheiro
de 2001) para R$ 202. O terço superior da massa trabalhadora
caiu de R$ 2.642 para R$ 1.822.
Como observam os autores do
artigo: "A distribuição de renda
(...) pode estar melhorando pela
retração dos rendimentos médios da população ocupada. Um
fenômeno inverso ao "bolo" milagre econômico, que agora está
encolhendo em vez de crescer".
Para quem trabalha, a vida
está dura. Para quem vive de juros, ela continua maravilhosa.
Entre 1989 e 2001, a renda nesse
mundo de afortunados foi remunerada a taxas que, como
lembra o vice José Alencar, "em
determinados casos a gente poderia tachá-las de assalto". Diziam que um governo petista mudaria isso.
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