São Paulo, segunda-feira, 14 de maio de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Superexposição

Na semana em que a Câmara aprovou o reajuste dos deputados e foi palco de bate-boca em plenário, o setor de comunicação da Casa apresentou à Mesa Diretora um remédio de nome pomposo: Programa de Valorização da Atividade Parlamentar. Sua meta é elevar em até 40% a participação dos deputados nos veículos de comunicação da Casa. Atrações alheias à rotina parlamentar, como documentários, darão lugar a transmissões das reuniões das comissões, reprises das sessões e entrevistas com deputados.
Outra proposta é manter deputados em Brasília nos fins de semana para que recepcionem turistas. O risco, brinca um dos que leram a bula do "Provap", é que os anfitriões sejam hostilizados pelos visitantes.

Varejão. A idéia de ampliar as "janelas de exibição" dos deputados nasceu da queixa generalizada de que os veículos da Casa não "divulgam" os mandatos. O "programa de valorização" inclui enviar à mídia nos Estados o discurso do chamado pequeno expediente, em que parlamentares falam de temas de suas bases.

Caso perdido. Se depender da vontade de membros da Mesa Diretora, será difícil melhorar a imagem da Casa. No segundo semestre, eles devem voltar à carga com a proposta de aumentar a verba de gabinete, sob a alegação de que os funcionários comissionados estariam há quatro anos sem reajuste salarial.

Aula prática. O relator da CPI do Apagão Aéreo, Marco Maia (PT-RS), aproveitou um vôo entre Brasília e Porto Alegre e foi até a cabine do piloto, onde fez uma bateria de perguntas sobre o funcionamento dos equipamentos, em particular do transponder.

Honras da casa 1. Houve princípio de revolta entre governadores que foram ao centro de recuperação de dependentes químicos visitado pelo papa em Guaratinguetá. A agenda previa que só José Serra estivesse com Bento 16.

Honras da casa 2. Diante da queixa dos "sem-papa", Serra conseguiu que fossem recebidos seus colegas, entre eles Ieda Crusius (PSDB-RS) e Eduardo Braga (PMDB-AM). Em italiano, apresentou um a um a Bento 16.

PAC do B 1. Depois do governo, chegou a vez da oposição fazer seu balanço do PAC. O instituto Teotônio Vilela, do PSDB, realiza amanhã uma apresentação para destacar que, das 1.646 ações do programa de Lula, somente 109 foram detalhadas na prestação de contas comandada pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, na semana passada.

PAC do B 2. Os tucanos dirão ainda que o governo misturou alhos com bugalhos ao avaliar o estado das coisas no setor elétrico. Usando outra metodologia, concluíram que o atraso nas obras é três vezes superior ao que foi anunciado pelo Planalto.

Mais um. O governador Paulo Hartung (PMDB-ES) acertou com o ministro Tarso Genro (Justiça) a construção do quinto presídio federal do país em Cachoeiro do Itapemerim. Falta discutir as compensações que o Estado receberá para abrigar a obra.

Em campanha. A renovação da vaga da Câmara no Conselho Nacional de Justiça motiva boca-de-urna explícita nos corredores da Casa. Enquanto o DEM trabalha para reconduzir Alexandre Moraes, com o apoio do tucano José Serra, os demais partidos panfletam e colhem assinaturas de apoio a pelo menos mais quatro postulantes.

Reprise. As eleições de 2008 em Recife prometem reproduzir a antiga disputa entre os grupos petistas do prefeito João Paulo e de Humberto Costa. A ala ligada ao ex-ministro da Saúde planeja lançar o deputado federal Maurício Rands, mas o prefeito tenta viabilizar Lígia Falcão ou João da Costa, ambos secretários de sua administração.
Tiroteio

Tal como está colocada, essa "concordata" equivale a um pedido de falência dos princípios republicanos e ao fim do Estado laico.


Do deputado RAUL JUNGMANN (PPS-PE), que apresentou um requerimento de informações ao Itamaraty sobre a "concordata" em que a Santa Sé reivindica do governo brasileiro medidas como a adoção de ensino religioso obrigatório nas escolas públicas do país.

Contraponto

Senso de hierarquia

Os jornalistas que foram a Guaratinguetá no sábado acompanhar a visita do papa à Fazenda da Esperança, centro católico para recuperação de dependentes químicos, tiveram a atenção capturada por uma faixa estendida diante de uma pousada vizinha. "Zezinho saúda o prefeitos, as autoridades locais e Bento 16", dizia ela.
Diante do espanto geral com o fato de o Sumo Pontífice ter sido mencionado em último lugar pelo comerciante - cujo nome foi traduzido como "piccolino Joseph" por um dos presentes-, um repórter ofereceu sua explicação:
-É natural. O Zezinho não paga imposto para o papa.


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