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Catequisação de índios não foi imposição, diz Bento 16
Bento 16 diz que "voltar a dar vida às religiões pré-colombianas" seria um retrocesso
Pontífice faz ainda crítica
ao machismo na América
Latina e defende que mães
recebam ajuda do Estado
para cuidarem da família
DOS ENVIADOS A APARECIDA
Em seu último grande discurso no país, o papa Bento 16
defendeu a catequisação dos
índios brasileiros e afirmou que
"o anúncio de Jesus e do seu
Evangelho não supôs, em nenhum momento, uma alienação das culturas pré-colombianas, nem foi uma imposição de
uma cultura estranha".
A chegada dos europeus ao Brasil
Bento 16 disse que "a utopia
de voltar a dar vida às religiões
pré-colombianas, as separando
de Cristo e da Igreja universal,
não seria um progresso, mas
um retrocesso", ou "uma involução a um momento histórico
ancorado no passado". E atribuiu à "sabedoria dos povos
originários" a "síntese entre
suas culturas e a fé cristã que os
missionários lhes ofereciam".
O discurso teve ainda novos
ataques ao aborto, ao hedonismo, às "seitas" (igrejas evangélicas) e à dissolução da família e
dos valores cristãos. Para ele, a
"vida cristã" vive um "enfraquecimento" no continente.
Ao citar a família como uma
das prioridades do trabalho do
episcopado da região, criticou o
machismo latino-americano.
Disse que "em algumas famílias
persiste ainda uma mentalidade machista", que ignora a "novidade do cristianismo que reconhece e proclama a igual dignidade e responsabilidade da
mulher diante do homem".
Ao comentar essa fala, d. Antônio Celso de Queiroz, bispo
de Catanduva, que participa da
5ª Conferência do Episcopado
da América Latina e do Caribe,
disse que o papa "reconheceu
que a igreja tem uma dívida
com as mulheres". Para ele, a
ordenação de mulheres deve
continuar sendo debatida.
O papa também defendeu o
direito de mães receberem ajuda do Estado para cuidarem da
família. Disse que "o secularismo e o relativismo ético", a pobreza, a instabilidade social, e
"as legislações civis contrárias
ao matrimônio", que "favorecem" os anticoncepcionais e o
aborto, "ameaçam o futuro dos
povos". Para ele, os latino-americanos vivem "um enfraquecimento da vida cristã" devido
"ao secularismo, ao hedonismo, ao proselitismo de seitas".
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