São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Última a saber

Não satisfeito em entregar a Mangabeira Unger a gestão do Plano Amazônia Sustentável, Lula achou por bem não dar ciência prévia do fato a Marina Silva. A ministra do Meio Ambiente, que pediu demissão ontem, ficou sabendo da novidade juntamente com os demais participantes do evento em que o PAS foi anunciado, quinta passada. Quem conhece o presidente duvida que ele tenha agido assim com o propósito deliberado de forçar a saída de Marina. Apenas não se deu ao trabalho de procurá-la, seja por estilo, seja porque a relação entre ambos já vinha desgastada. Avisado da carta de demissão, esboçou contrariedade. Mas, nas palavras de um interlocutor, para Lula a saída de Marina "já estava precificada".



Precedente. Ficar por fora de decisões em sua área não é algo inédito para Marina. Ela conheceu só depois de editada o teor da "MP da grilagem", que aumenta o limite da área passível de concessão para uso rural, sem licitação, na Amazônia Legal. A MP foi aprovada ontem na Câmara, com apoio da base aliada.

Já vai tarde. Em seu depoimento ao Senado, na semana passada, mais de uma vez Dilma Rousseff (Casa Civil) se referiu aos problemas de licenciamento ambiental como entrave ao PAC.

Força da natureza. A bancada do PT no Senado lamentava a saída de Sibá Machado (PT-AC), uma espécie de "pau pra toda obra" na defesa do governo. A avaliação geral é que Marina está mais para Eduardo Suplicy (SP). "Se o Lula não conseguiu domá-la, não será a Ideli que vai conseguir", diz um petista.

De surpresa. Uma hora antes de mandar a carta a Lula, Marina comunicou a decisão ao conterrâneo Tião Viana num breve telefonema. "Chegou a minha hora", disse.

É guerra. O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) montou um "bunker" em seu gabinete, com assessores da Assembléia de Roraima e comitiva de deputados estaduais, para municiar o governador José de Anchieta Jr. (PSDB) em audiência na Câmara hoje sobre a reserva Raposa Serra do Sol. O alvo será o ministro Tarso Genro (Justiça), também convidado.

Revisão. Em janeiro, a Controladoria Geral da União mandou ofício ao BB reclassificando o que seriam dados sigilosos. Em fevereiro, o banco forneceu ao TCU a relação, que, curiosamente, tem 1.016 itens a mais do que a lista encaminhada à CPI em abril.

Enigma. Sub-relator da CPI, Carlos Sampaio (PSDB-SP) quer saber por que coube à CGU, e não ao Gabinete de Segurança Institucional, mudar a classificação dos gastos sigilosos. E o que ocorreu entre fevereiro e abril para que os dados fossem suprimidos.

Cruzamento. Ao incluir na votação da convocação à CPI do "vazador" do dossiê, José Aparecido Nunes Pires, e de André Fernandes a condição de ter acesso prévio aos depoimentos de ambos à PF, a base quer se precaver contra possíveis contradições.

Até o fim. André, por orientação de advogados, tem dito que revelará tudo o que sabe, incluindo informações sobre como foi montada a força-tarefa do governo para compilar despesas de FHC.

Quem sabe? Alguns alckmistas alimentam a idéia de dar ao ex-governador um vice do próprio PSDB, oferecendo ao PTB, em troca do tempo de televisão, apenas a coligação na chapa de vereadores.

Nem vem. Fala o deputado estadual Campos Machado: "Só há duas possibilidades para o PTB na eleição paulistana: piloto ou co-piloto. Esta última decorrente de palavra empenhada meses atrás". O dirigente tem dito que o vice será Arnaldo Faria de Sá. Mais e mais, porém, petebistas repetem que apenas o próprio Campos "une o partido".

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

Lula espremeu Marina Silva como laranja e agora joga o bagaço fora.

Do deputado RICARDO TRIPOLI (PSDB-SP), sobre a carta de demissão apresentada ontem pela ministra do Meio Ambiente.

Contraponto

Falem de mim

Em janeiro de 2007, Gustavo Fruet (PSDB-PR) se apresentava como "o candidato da ética" à presidência da Câmara, manchada por uma leva de escândalos, numa disputa que terminou com a eleição de Arlindo Chinaglia (PT-SP). Coadjuvante, o tucano sofria para amealhar apoios, e por isso resolveu tentar um corpo-a-corpo num almoço com novos deputados. Ao chegar ao local, porém, foi surpreendido com um caloroso abraço de Paulo Maluf (PP-SP), que arrastava um batalhão de fotógrafos.
No dia seguinte, Fruet lamentava a foto publicada com destaque, até cruzar novamente com Maluf no plenário:
-Gustavo, não precisa me agradecer! Sei que não basta ser bom candidato, é preciso estar na capa dos jornais...


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