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Arquidiocese do Rio vai apurar destino de R$ 5 mi
Parte do valor recebido em março, diz monsenhor, foi usado com "supérfluo e vaidade"
Novo ecônomo aponta como responsável o seu antecessor, que comprou sofá de R$ 21,3 mil, além
de imóvel de R$ 2 milhões
DA SUCURSAL DO RIO
O novo ecônomo da Arquidiocese do Rio, monsenhor
Abílio Ferreira da Nova, 75,
afirmou que vai apurar o uso
dos R$ 5,15 milhões depositados pela prefeitura da cidade,
em 31 de março, como pagamento de uma ação judicial. O
dinheiro, diz ele, já foi todo gasto. "Não sei se foi bem usado.
Uma parte foi gasta com supérfluos e vaidades", disse o monsenhor, na sua sala no prédio da
arquidiocese, na zona sul.
A reforma do seu escritório é
um dos pontos que será apurado no trabalho. A sala ficou com
teto de gesso, iluminação especial e móveis de luxo. O sofá
mais barato custa R$ 17,2 mil,
na loja em que foi comprado. O
mais caro, R$ 21,3 mil. Os dois
são de couro com enchimento
de penas de ganso. Já as duas
poltronas são vendidas por
R$ 13,6 mil, cada uma, segundo
reportagem do jornal "O Dia".
"Estou melhor que o presidente da República. Tenho escrúpulos e não sento nelas. Esse dinheiro tinha de ser usado
no trabalho com os pobres",
disse Nova, que substituiu o padre Edvino Steckel. Este é
apontado pelo monsenhor como o responsável pelos gastos.
A sala com os móveis caros era
antes ocupada por Steckel.
Ele foi afastado do cargo de
ecônomo depois de ter comprado um apartamento de luxo
que serviria de residência no
Rio para d. Eusébio Scheid, arcebispo emérito (aposentado).
D. Eusébio foi o responsável
pela nomeação de Edvino para
o cargo, em 2008. O apartamento de cerca de 500 m2 é
avaliado em R$ 2,2 milhões.
"O incrível é que ficamos
sem dinheiro no caixa. Até para
pagar os funcionários está difícil e vamos precisar de doações", disse Nova, acrescentando que deixou o cargo no início
de 2008 com cerca de R$ 7 milhões na conta da arquidiocese.
O dinheiro e o depósito da
prefeitura serviriam para a reforma de um prédio no centro
do Rio, que pertence à arquidiocese -o aluguel das salas é
sua maior fonte de renda.
Nova estuda até leiloar os
móveis de sua sala para poder
pagar os 200 funcionários. Segundo ele, a folha salarial é de
cerca de R$ 400 mil mensais.
Caso o estudo comprove desvio
de recursos nas contas da arquidiocese, o caso poderá chegar ao Tribunal Eclesiástico.
Padre Steckel não foi encontrado ontem pela reportagem.
O novo arcebispo, d. Orani
João Tempesta, também se recusou a comentar o caso.
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