São Paulo, sexta-feira, 14 de maio de 2010

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PRESIDENTE 40/ELEIÇÕS 2010

Na TV, Lula atribui "sucesso" a Dilma e a compara a Mandela

Presidente diz que sul-africano "só foi para o confronto porque não deram outra saída"

Programa petista, para alavancar pré-candidata, se refere sempre à gestão tucana como "FHC e Serra", em oposição a "Lula e Dilma"


Reprodução
A pré-candidata petista Dilma Rousseff em cena do programa do PT que foi ao ar ontem à noite

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No programa em que o PT espera alavancar a pré-candidatura de Dilma Rousseff, o presidente Lula atribuiu ontem à petista, em cadeia de rádio e TV, a responsabilidade por "grande parte" do sucesso de seu governo e a comparou ao líder sul-africano Nelson Mandela.
Ao falar que parte da história da petista o lembra da luta de Mandela contra o apartheid, Lula trouxe à tona a primeira estratégia de marketing da campanha do PT para tratar um dos pontos cruciais da biografia de Dilma, a sua participação em grupos que defendiam a luta armada durante a ditadura militar (1964-1985).
Lula e Dilma dominaram a maior parte dos dez minutos da propaganda partidária do PT, produzida com o intuito de informar e fixar no eleitor a ideia de que a ex-ministra é a candidata de Lula, tem luz própria e grande capacidade gerencial.
Nas palavras de Lula, que a apresentou como idealizadora do Luz para Todos, o programa para levar energia elétrica aos rincões do país: "É a história de uma mulher que viveu tudo muito intensamente, com muita coragem e competência e que chegou onde está com seus méritos próprios. É uma tremenda história de vida".
Lula aparentava conversar com um interlocutor oculto enquanto falava. Ocupou, sozinho, 2min43s do programa. Dilma apareceu em 3min46s.
"Ela simplesmente foi exuberante na coordenação do meu governo. Eu digo, sem medo de errar: grande parte do sucesso do governo está na capacidade de coordenação da companheira Dilma Rousseff."
Produzido pelo marqueteiro João Santana, o mesmo de Lula, o programa do PT explorou comparações entre o petista e Fernando Henrique Cardoso (95-02), mencionando a gestão tucana sempre como "FHC e Serra", em referência ao principal adversário de Dilma, José Serra, que foi ministro do Planejamento e da Saúde de FHC.
"Ascensão social dos brasileiros: com FHC e Serra, insignificante. Com Lula e Dilma, 31 milhões entraram na classe média e 24 milhões saíram da pobreza absoluta", dizia o locutor.
A comparação Dilma-Mandela veio quando a petista disse que não fugiu da luta contra a ditadura e que usou "os meios e a concepção" da época. "Eu lutei sim. Lutei pela liberdade e pela democracia. Lutei contra a ditadura do seu primeiro ao seu último dia. Com os meios e as concepções que eu tinha."
Nesse momento, Lula a comparou a Mandela: "Uma parte da história da Dilma me lembra muito a do Mandela. Lembro-me uma vez que o Mandela me contou que só foi para o confronto porque não deram outra saída pra ele. O tempo passou e o que aconteceu: ele virou um dos maiores símbolos da paz e da união no mundo".
Mandela foi sentenciado à prisão perpétua nos anos 60, acusado de participação na luta armada. Libertado em 90, presidiu a África do Sul de 94 a 99.
Para suavizar a imagem de "durona" de Dilma, Lula lançou mão dos Estados em que sua ex-ministra nasceu e se formou politicamente para tentar vender a ideia de uma Dilma "sensível" à mineira e "intrépida" à gaúcha. "É uma bela mistura que certamente será muito importante para o Brasil", disse.
Também apareceram, sempre elogiando Dilma, os ministros Fernando Haddad (Educação), Guido Mantega (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento), e o presidente do PT, José Eduardo Dutra.


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