São Paulo, quinta-feira, 14 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PF vê tentativa de lobby de ex-presidente do PP

Grampos da Navalha mostram Pedro Corrêa no comando para flexibilizar norma no Ministério das Cidades

ANDRÉA MICHAEL
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal mostram que o ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE) comandou tentativa de "flexibilizar" norma do Ministério das Cidades que estaria criando obstáculos para o repasse de verbas à empreiteira Gautama, apontada como o centro do esquema desmontado na Operação Navalha.
As gravações indicam que a tentativa de lobby para a alteração da norma teve seu ápice em uma reunião no gabinete do ministro Márcio Fortes, indicado ao cargo pelo PP, partido que foi presidido por Corrêa.
A reunião teria ocorrido em 28 de junho de 2006. Estariam presentes, além do ministro e de Corrêa, o secretário-executivo da pasta, Rodrigo Figueiredo, e Flávio José Pin, funcionário da Caixa responsável por analisar a liberação de verba de ministérios para projetos. Pin foi preso na Operação Navalha.
"Pedro diz que está com Rodrigo, com o ministro e [que] Flávio Pin está chegando agora", diz a transcrição de grampo feita momentos antes da suposta reunião. Na ocasião, Corrêa falava ao telefone com Flávio Candelot, lobista que trabalhava para a Gautama. "Se não flexibilizar os SPAs, enrola tudo", disse Candelot. SPAs são instrumentos pelos quais a Caixa autoriza a liberação de recurso para os projetos, com base em critérios das Cidades.
Os grampos mostram que coube a Candelot sugerir a Corrêa que levasse ao ministro a proposta de suavização da norma. As gravações sinalizam que a flexibilização não ocorreu. Em grampo no dia seguinte à reunião, Corrêa diz que não haveria problema no ministério, "que a complicação é a Caixa".
No primeiro relatório, a PF disse, em outubro passado, que Corrêa e Candelot faziam tráfico de influência no ministério. Nas gravações, Corrêa diz ter tratado de interesses da Gautama com o secretário de Saneamento da pasta, Márcio Galvão, e com "Magda", que seria da área de orçamento. Os grampos indicam que Corrêa repassava à Gautama dados sobre MPs ainda não editadas.
Na casa de Corrêa, diz-se que ele está fora do país. Pin afirmou à Justiça que sua função na Caixa era "apolítica e fora de influências pessoais". O ministro das Cidades informou que só comentará os grampos quando recebê-los da PF.


Texto Anterior: Reforma: Financiamento público é mais barato, diz TSE
Próximo Texto: Navalha: Após 22 dias, parlamentares protocolam pedido de abertura de CPI
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.