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Mídia não vê nada bonito no país, diz Lula
Presidente faz declaração depois de seu irmão, Genival Inácio da Silva, ter sido alvo de investigações da Polícia Federal
Em SP, José Dirceu endossa as críticas: "Os meios de comunicação conservadores são o verdadeiro partido hoje de oposição no Brasil"
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou ontem em
Brasília que não vê nada "de bonito" na imprensa brasileira e
disse ainda que "neste país há
um tipo de gente que precisa
ter muita desgraça para poder
existir". A mais recente crítica
do presidente à imprensa vem
num momento em que as últimas operações da Polícia Federal atingiram ministros de seu
governo e seu irmão Genival da
Silva, o Vavá, investigado por
suposta prática de lobby.
Lula fazia discurso no lançamento do Plano Nacional de
Turismo quando fez as críticas.
"O que a gente vê de bonito na
imprensa brasileira? Quais são
as mensagens que nos provocam a viajar no final de semana? Não tem", exemplificando
que: "Se fala de Pernambuco, é
morte; se fala do Ceará, é morte, se fala da Bahia, é morte. Aí a
pessoa diz: "Espera aí, não vou
sair daqui não, vou ficar dentro
de casa". E ainda olha, vê se não
tem uma fresta, para não vir bala perdida".
Apontando a redemocratização dos meios de comunicação
como uma prioridade, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu
também escolheu a imprensa
como alvo. Disse, durante congresso nacional de metalúrgicos da CUT, que a imprensa
conservadora é "o verdadeiro
partido hoje de oposição".
"Nunca foi tão possível como
agora" democratizar os meios
de comunicação, introduzindo
regulação e concorrência no setor", disse, acrescentando:
"Tem uma profunda divisão
dos formuladores de comunicação no Brasil. Há uma possibilidade real de aproveitarmos
esse momento".
Segundo ele, "um dos grandes erros" do primeiro mandato de Lula da Silva foi "subestimar o poder da mídia".
"Essa aliança política da oposição de direita conservadora,
com os meios de comunicação
conservadores, que são o verdadeiro partido hoje de oposição no Brasil, junto com interesses internacionais, é que se
opõe a nós", discursou.
Na saída, Dirceu endossou as
críticas de Lula à atuação da PF.
"A Polícia Federal não é Ministério Público, não é Poder Judiciário. Está submetida ao presidente da República."
Cobranças
Lula também cobrou ontem
dos governadores que façam
publicidade de seus Estados e
criticou setores políticos e do
Judiciário. "Não basta ficar falando bem do Acre dentro do
Acre, os acreanos já sabem.
Agora, se fizer isso, vão dizer:
"Está gastando dinheiro". Já vai
o Ministério Público abrir um
processo, já vai um deputado de
oposição criticar, já vai fazer
um monte de coisa. Porque
neste país ainda há um tipo de
gente que precisa ter muita
desgraça para ele poder existir", reclamou Lula.
O presidente levou a platéia,
formada por políticos e empresários, às gargalhadas ao citar
situações do cotidiano e associá-las as dificuldades para o
brasileiro viajar. "Sair de casa é
efetivamente um estado de espírito (...) Tem que estar com
humor, a mulher tem que acordar: "Amorzinho, vamos, amorzinho", porque, se ela começar
xingando, o marido já não vai,
já bota o cuecão, fica deitado ali
mesmo e não sai", disse.
Em outra descrição do cotidiano, disse que "o cidadão fica
em casa vendo televisão, brigando com a mulher". "Aí a mulher vai fazer a limpeza no pé
dele e ele já dá um coice. Aí chega o genro, já toma a cerveja gelada dele. (...) Então, nós precisamos, como diz o bom companheiro, bulir com o estado de
espírito do povo brasileiro."
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