São Paulo, quinta-feira, 14 de junho de 2007

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Mídia não vê nada bonito no país, diz Lula

Presidente faz declaração depois de seu irmão, Genival Inácio da Silva, ter sido alvo de investigações da Polícia Federal

Em SP, José Dirceu endossa as críticas: "Os meios de comunicação conservadores são o verdadeiro partido hoje de oposição no Brasil"


PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou ontem em Brasília que não vê nada "de bonito" na imprensa brasileira e disse ainda que "neste país há um tipo de gente que precisa ter muita desgraça para poder existir". A mais recente crítica do presidente à imprensa vem num momento em que as últimas operações da Polícia Federal atingiram ministros de seu governo e seu irmão Genival da Silva, o Vavá, investigado por suposta prática de lobby.
Lula fazia discurso no lançamento do Plano Nacional de Turismo quando fez as críticas. "O que a gente vê de bonito na imprensa brasileira? Quais são as mensagens que nos provocam a viajar no final de semana? Não tem", exemplificando que: "Se fala de Pernambuco, é morte; se fala do Ceará, é morte, se fala da Bahia, é morte. Aí a pessoa diz: "Espera aí, não vou sair daqui não, vou ficar dentro de casa". E ainda olha, vê se não tem uma fresta, para não vir bala perdida".
Apontando a redemocratização dos meios de comunicação como uma prioridade, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu também escolheu a imprensa como alvo. Disse, durante congresso nacional de metalúrgicos da CUT, que a imprensa conservadora é "o verdadeiro partido hoje de oposição".
"Nunca foi tão possível como agora" democratizar os meios de comunicação, introduzindo regulação e concorrência no setor", disse, acrescentando: "Tem uma profunda divisão dos formuladores de comunicação no Brasil. Há uma possibilidade real de aproveitarmos esse momento".
Segundo ele, "um dos grandes erros" do primeiro mandato de Lula da Silva foi "subestimar o poder da mídia".
"Essa aliança política da oposição de direita conservadora, com os meios de comunicação conservadores, que são o verdadeiro partido hoje de oposição no Brasil, junto com interesses internacionais, é que se opõe a nós", discursou.
Na saída, Dirceu endossou as críticas de Lula à atuação da PF. "A Polícia Federal não é Ministério Público, não é Poder Judiciário. Está submetida ao presidente da República."

Cobranças
Lula também cobrou ontem dos governadores que façam publicidade de seus Estados e criticou setores políticos e do Judiciário. "Não basta ficar falando bem do Acre dentro do Acre, os acreanos já sabem. Agora, se fizer isso, vão dizer: "Está gastando dinheiro". Já vai o Ministério Público abrir um processo, já vai um deputado de oposição criticar, já vai fazer um monte de coisa. Porque neste país ainda há um tipo de gente que precisa ter muita desgraça para ele poder existir", reclamou Lula.
O presidente levou a platéia, formada por políticos e empresários, às gargalhadas ao citar situações do cotidiano e associá-las as dificuldades para o brasileiro viajar. "Sair de casa é efetivamente um estado de espírito (...) Tem que estar com humor, a mulher tem que acordar: "Amorzinho, vamos, amorzinho", porque, se ela começar xingando, o marido já não vai, já bota o cuecão, fica deitado ali mesmo e não sai", disse.
Em outra descrição do cotidiano, disse que "o cidadão fica em casa vendo televisão, brigando com a mulher". "Aí a mulher vai fazer a limpeza no pé dele e ele já dá um coice. Aí chega o genro, já toma a cerveja gelada dele. (...) Então, nós precisamos, como diz o bom companheiro, bulir com o estado de espírito do povo brasileiro."


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