São Paulo, domingo, 14 de junho de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Fora dos trilhos

Em reunião com Lula na quarta-feira, um grupo de ministros manifestou alarme com o ritmo devagar quase parando da Transnordestina, uma das grandes obras do PAC. Orçada em R$ 5,4 bilhões, a ferrovia comprometeu quase todo o Fundo de Desenvolvimento do Nordeste, inviabilizando outros projetos.
Dono da Companhia Siderúrgica Nacional, concessionária da Transnordestina, Benjamin Steinbruch alega dificuldades de fluxo financeiro e pede adiantamento para cobrir gastos de instalação das empreiteiras. O governo ficou de estudar. Mas Lula quer que a CSN aumente o número de frentes de trabalho para acelerar a obra. Aos ministros o presidente deu prazo até dia 23 para negociar com a empresa.



Novela. Não é a primeira crise entre o governo Lula e Steinbruch acerca da Transnordestina. Num capítulo anterior, Dilma Rousseff ameaçou tirar a concessão da CSN.

Geek. Estrela dos sete primeiros balanços do PAC, o PowerPoint caiu no ostracismo depois que Dilma descobriu as maravilhas do Google Earth. Foi essa ferramenta que permitiu a "animação" do trem de alta velocidade, hit da última apresentação.

Na estrada. Nesta semana, a ministra retoma o PAC-tour, com balanços setoriais em Brasília (DF), Fortaleza (CE) e Porto Velho (RO).

Virou moda. Prestes a pôr no ar o Blog do Planalto, a equipe de imprensa de Lula recebeu a sugestão de criar o Blog do PAC, dada a polêmica em torno do da Petrobras.

Gol contra 1. Lula ainda não engoliu o fato de Belém (PA) ter ficado de fora da lista das 12 capitais da Copa em 2014. Ele se empenhou pessoalmente na tentativa de emplacar o Estado governado pela petista Ana Júlia Carepa entre os escolhidos.

Gol contra 2. A irritação de Lula ficou ainda maior quando chegou ao Planalto a versão de que a entrada de Natal (RN) no grupo dos 12 foi fruto de um lobby bem sucedido do senador José Agripino (DEM-RN), que é próximo do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e teve três conversas com ele sobre o tema.

Nem vem. Do ministro e pré-candidato Tarso Genro (Justiça), deixando claro que não há disposição do PT em abrir mão da cabeça de chapa no Estado: "No Rio Grande do Sul, quem dá palanque forte para a Dilma é o PT".

Relax. A aflição de boa parte do DEM diante da recusa de José Serra em assumir mais abertamente a condição de candidato a presidente não é compartilhada por Gilberto Kassab. O prefeito tem dito a aliados que a antecipação só traria desgaste ao governador.

Combo. Na negociação para tirar Ciro Gomes da corrida presidencial em prol de Dilma, o PSB impôs outra condição: o apoio do PT ao ex-governador José Reinaldo no Maranhão. Pesquisa do partido o coloca em vantagem para derrotar o clã Sarney.

Biscoito. Lula tenta convencer o PT-DF a apoiar Cristovam Buarque para o Senado. Seria uma forma de compensar o ex-ministro da Educação, que teve sua pretensão de disputar novamente a Presidência vetada pelo PDT, a pedido do próprio Lula. Mas o PT ainda resiste à aliança.

Seletiva. Entre os alvos que a oposição procurará atingir com a CPI da Petrobras, além de Wilson Santarosa, estão os assessores Hênio Barreto e Rosemberg Alves. Todos têm em comum o DNA petista, a origem sindical e influência sobre a área de patrocínios.

Expert. Ralph Siqueira, o diretor de RH do Senado escalado para a comissão criada para investigar os atos secretos, é um especialista: guardou a sete chaves as senhas de acesso ao sistema que gerencia a folha de pagamentos da Casa.

com VERA MAGALHÃES e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

"Este parece ser o maior segredo do mundo. Tanto que até agora ninguém sabe de nada."

Do deputado FERNANDO GABEIRA (PV-RJ), sobre a resposta-padrão apresentada nos últimos dias por senadores e funcionários do Senado, segundo a qual ninguém sabia da existência de atos secretos na Casa.

Contraponto

O céu é o limite

José Múcio recebeu telefonema de um conhecido que não conseguiu se eleger vereador em Recife em 2008.
-Ministro, eu gostaria de lhe pedir um favor...
Acostumado a ouvir pleitos de cargos modestos no Estado, Múcio pacientemente perguntou de que se tratava.
-Eu quero ser reitor da Universidade Federal de Pernambuco- disse o homem, de bate-pronto.
Surpreendido, o ministro tentou se esquivar de várias formas, mas, diante da insistência do homem, usou um argumento que lhe pareceu irrefutável:
-Amigo, você não tem curso superior...
-Mas minha filha tem!- sentenciou o aspirante.


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