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TCU propõe auditoria e pede fim dos sigilos da Petrobras
Augusto Nardes critica pouca transparência da empresa e quer investigar fraude
Para ministro, Petrobras, no
centro da Operação Águas
Profundas, deve facilitar
acesso aos contratos que
superam R$ 200 milhões
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro Augusto Nardes,
do TCU (Tribunal de Contas da
União), afirmou ontem que na
próxima reunião plenária do
órgão, prevista para quarta-feira, pedirá abertura de auditoria
para investigar o esquema de
fraudes em licitações da Petrobras revelado pela operação
Águas Profundas, desencadeada pela Polícia Federal.
Nardes esteve anteontem
com o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, no Rio de
Janeiro, e reclamou da dificuldade de acesso aos dados da
instituição, uma briga antiga do
TCU que envolve não só a Petrobras, mas a maior parte das
grandes estatais.
Alegando possível impacto
sobre o mercado, a Petrobras
não repassaria alguns dados solicitados pelo tribunal. A estatal
tem ações negociadas no Brasil
e nos Estados Unidos.
"Se eles [a Petrobras] não
abrirem os sigilos e os escândalos continuarem por falta de
controle, isso acaba prejudicando mais a Petrobras no
mercado do que uma auditoria
do TCU", afirmou Nardes.
Licitações
A operação Águas Profundas,
da PF, investiga fraudes nas licitações para reforma de quatro plataformas de exploração
de petróleo: P-10, P-14, P-16 e
P-22. No total, 26 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal.
Há 14 presos e quatro foragidos. Os contratos de reformas
nas plataformas somam cerca
de R$ 200 milhões.
Os indícios de irregularidades envolvendo a Petrobras
não se resumem às investigações da operação Águas Profundas. Nesta semana, a área
técnica do tribunal solicitou a
Nardes uma cautelar pedindo a
suspensão de pagamentos de
dois contratos referentes à
construção das plataformas P-52 e P-54 da empresa.
O TCU vê indícios de irregularidades "graves" nesses dois
contratos, que poderiam ter
causado prejuízos de U$ 177
milhões (R$ 332 milhões) à estatal. Segundo o TCU, a Petrobras teria feito aditamentos
considerados indevidos.
O contrato para a construção
da plataforma P-52 foi assinado
em 12 de maio de 2003, no valor
de R$ 2,5 bilhões, com o consórcio Fels Setal/Technip. Já o
da plataforma P-54 foi assinado
em 17 de junho de 2004, com a
empresa Jurong Shipyard, no
valor de R$ 2,3 bilhões.
Reajuste
De acordo com técnicos do
TCU, os dois contratos teriam
sofrido reajuste para corrigir a
desvalorização da moeda americana perante o real e por conta de alta dos preços no mercado brasileiro.
Mas a auditoria interna do
tribunal alega que estas alterações não poderiam ter sido realizadas, já que o contrato não
previa revisão nos valores.
Nardes teme que se estes reajustes não forem contestados
tenha início uma espécie de
"efeito cascata". "Todas as demais plataformas poderiam,
então, pedir o mesmo", afirmou ontem.
No contrato da P-52, restam
US$ 72,9 milhões (R$ 136,7 milhões) a pagar. Já no da P-54,
restam U$ 67 milhões (R$ 125,7
milhões) a pagar. Gabrielli terá
cinco dias para explicar as alterações nos contratos ao TCU.
Em entrevista à Folha, Gabrielli disse que não houve correção nos pagamentos e que
eles foram feitos dentro da legalidade. Além disso, afirmou
que os esclarecimentos serão
prestados dentro do prazo.
Funcionários do TCU dizem
que, de todas as estatais, a Petrobras é uma das mais fechadas no repasse de informações
ao tribunal. Existiriam casos
inclusive de fornecimento de
dados incorretos e de informações desencontradas.
Colaborou PEDRO SOARES, da Sucursal do Rio
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