São Paulo, terça-feira, 14 de julho de 2009

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Painel

VERA MAGALHÃES (interina) - painel@uol.com.br

Patrimônio cultural

Além de patrocínios da Petrobras, Eletrobras e CEF, a Associação dos Amigos do Bom Menino das Mercês, que toca projetos da Fundação José Sarney e é controlada por aliados do senador, está prestes a receber uma bolada de quase R$ 1 milhão até dezembro. O montante se refere à compra de novos instrumentos e manutenção da escola de música da entidade.
Depois de um ano de tramitação, o projeto foi aprovado em janeiro pelo Ministério da Cultura, com uma série de restrições. O dinheiro está parado em uma conta do Banco do Brasil bloqueada. O ministério também aguarda a regularização de documentos: as certidões de FGTS e quitação de tributos estaduais apresentadas estão irregulares.



Veja bem. O parecer técnico do ministério lista discrepâncias nos valores dos instrumentos musicais sugeridos pela associação, o dobro do preço de mercado. Também há diversas falhas nos subsídios administrativos e despesas com pessoal.

Um dia... Chamou a atenção de senadores a admissão por parte de Sarney de que viajou a Veneza com as despesas pagas pelo banqueiro Edemar Cid Ferreira. Uma das acusações que levaram Renan Calheiros (PMDB-AL) a ter de deixar a presidência do Senado em 2007 foi a de que teve contas bancadas por um lobista de empreiteira.

...depois do outro. O artigo 5º do Código de Ética do Senado diz que são incompatíveis com a ética e o decoro parlamentar "a percepção de vantagens indevidas, tais como doações, ressalvados brindes sem valor econômico".

Hora do chá. Nem mais na revista da Academia Brasileira de Letras o imortal Sarney pode buscar um refresco para a crise do Senado. O último número da publicação traz um ensaio de ninguém menos que o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), um dos defensores do "fora Sarney".

Não desistem. Apesar da palavra dada por Sarney, a tropa de choque do governo ainda avaliava ontem à noite uma estratégia para tentar adiar a escolha do presidente e do relator da CPI da Petrobras, marcada para hoje.

Pede pra sair. Lula usou a reunião ministerial de ontem para insistir que quem for candidato em 2010 deve ser direto e deixar para lá "a conversa fiada". "Não precisa dizer que o povo está pedindo, ou o partido está sem quadros", disse.

Cumprir tabela. Lula também cortou as incipientes articulações para colocar novos políticos no lugar dos que vão sair: "Eu quero terminar o meu governo, não quero começar um novo".

Agentes duplos. Na reunião, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) reclamou dos colegas que vão ao Congresso aumentar seus orçamentos via emendas parlamentares. E defendeu que, ao menos no último ano de governo, isso seja feito de forma coordenada com o governo.

Aula magna. Orador da parte política da reunião, Franklin Martins (Comunicação Social), além de sentar a pua na imprensa, descascou a oposição. Disse que PSDB e DEM sobrevivem "à base de denuncismo" e de ataques ao "inchaço da máquina".

O escolhido. O presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Demóstenes Torres (DEM-GO), vai escalar o correligionário Marco Maciel (PE) para relatar a reforma eleitoral no Senado. Estudioso do tema, Maciel deve propor alterações no projeto que vem da Câmara.

Outro lado. O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) diz que não prestou contas do uso da verba indenizatória porque deixou de receber o reembolso desde abril, quando as notas fiscais passaram a ser publicadas na internet.


com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

"Se ele não diz que eu sou o governador dele, por que o PT dirá que ele é nosso candidato ao Senado?"

Do governador JAQUES WAGNER (BA), sobre os sinais dados pelo ministro peemedebista Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) de que pode romper com o PT para sair candidato ao governo.

Contraponto

Campanha soviética

A bancada do PSDB se reuniu antes da votação da reforma eleitoral para definir os pontos da proposta que apoiaria. Várias ideias de regulamentação surgiram.
Otávio Leite (RJ) propôs que o valor máximo de gasto eleitoral deveria ser limitado pelo PIB e a população de cada Estado. Também defendeu que 20% do total arrecadado fosse para um fundo comum dos partidos.
-Seria uma forma de socialização das doações!- disse, empolgado, buscando adesões.
-Camarada Otávio, quando foi que o senhor virou comunista? -, interrompeu Waldir Neves.
Foi a deixa para arquivar as propostas sumariamente.


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