São Paulo, terça-feira, 14 de julho de 2009

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Lula manda usar pré-sal contra a oposição em CPI

Aliados dirão que oposicionistas querem prejudicar Petrobras, e não discutir futuro do país

Presidente também quer controle sobre trabalhos de comissão, a ser instalada hoje, mesmo que presidente e relator não sejam definidos

VALDO CRUZ
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na véspera da instalação da CPI da Petrobras, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva orientou sua equipe ontem, ao final de reunião ministerial, a usar o debate sobre as novas regras de exploração de petróleo na camada do pré-sal para colocar na defensiva a oposição.
Ontem, o governo confirmou que vai criar uma empresa estatal para cuidar só das reservas do pré-sal. Também será criado um fundo social e adotado o sistema de partilha de produção na exploração -entre a futura estatal e empresas escolhidas por meio de licitação.
Sobre a CPI, a orientação de Lula é que o governo e sua base aliada assumam o discurso de que estão preocupados em discutir o futuro do país com as regras do pré-sal, enquanto a oposição estaria trabalhando para prejudicar a principal estatal brasileira, a Petrobras.
Logo depois do encerramento da reunião ministerial, realizada na Granja do Torto, Lula chamou alguns ministros e líderes no Senado para se informar sobre a instalação da CPI da Petrobras, prevista para hoje. Sua determinação é que os aliados adotem uma estratégia para ter controle sobre os trabalhos da comissão.
Após o encontro com o presidente, líderes governistas se reuniram para discutir a escolha do comando da CPI. Até ontem à noite, a tendência era escolher para presidente da comissão o petista João Pedro (AM) e para relator o peemedebista Romero Jucá (RR).
Criada há dois meses, a CPI deve ser instalada hoje, com ou sem o número mínimo de seis integrantes. Ainda assim, não há data para iniciar as investigações sobre a estatal. Mesmo a escolha de presidente e relator poderá ser postergada.
Contudo, basta a instalação para abrir a contagem do prazo de 180 dias para o final da CPI.
"Instalar, a gente instala", afirmou o senador Gim Argello (PTB-DF). Questionado se a eleição para presidente da CPI também estava confirmada para hoje, ele desconversou: "Será uma terça-feira gorda, com assuntos dramáticos como Conselho de Ética, votação de Orçamento e instalação de CPI".
Hoje, os aliados do Palácio do Planalto querem apenas acalmar a oposição, que condicionou a votação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e, consequentemente, o início do recesso à instalação da CPI.
"Vou cumprir o acordo. Instalada a CPI, entrego o cargo de relator na comissão das ONGs e não tocamos as investigações no Dnit", disse o líder tucano, Arthur Virgílio (AM).
Caso não sejam escolhidos o presidente e o relator, caberá aos dois senadores mais velhos conduzir os trabalhos -Paulo Duque (PMDB-RJ) e Álvaro Dias (PSDB-PR) seriam os responsáveis por receber requerimentos, que dependem de quórum para serem apreciados.
Autor do requerimento de criação da CPI, Álvaro Dias prepara uma pilha de pedidos, entre eles a convocação de Wilson Santarosa, gerente de Comunicação Institucional da Petrobras, e informações sobre os repasses à Fundação Sarney.


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