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Lula manda usar pré-sal contra a oposição em CPI
Aliados dirão que oposicionistas querem prejudicar Petrobras, e não discutir futuro do país
Presidente também quer controle sobre trabalhos de comissão, a ser instalada hoje, mesmo que presidente e relator não sejam definidos
VALDO CRUZ
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na véspera da instalação da
CPI da Petrobras, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva orientou sua equipe ontem, ao final
de reunião ministerial, a usar o
debate sobre as novas regras de
exploração de petróleo na camada do pré-sal para colocar na
defensiva a oposição.
Ontem, o governo confirmou
que vai criar uma empresa estatal para cuidar só das reservas
do pré-sal. Também será criado
um fundo social e adotado o sistema de partilha de produção
na exploração -entre a futura
estatal e empresas escolhidas
por meio de licitação.
Sobre a CPI, a orientação de
Lula é que o governo e sua base
aliada assumam o discurso de
que estão preocupados em discutir o futuro do país com as regras do pré-sal, enquanto a
oposição estaria trabalhando
para prejudicar a principal estatal brasileira, a Petrobras.
Logo depois do encerramento da reunião ministerial, realizada na Granja do Torto, Lula
chamou alguns ministros e líderes no Senado para se informar sobre a instalação da CPI
da Petrobras, prevista para hoje. Sua determinação é que os
aliados adotem uma estratégia
para ter controle sobre os trabalhos da comissão.
Após o encontro com o presidente, líderes governistas se
reuniram para discutir a escolha do comando da CPI. Até ontem à noite, a tendência era escolher para presidente da comissão o petista João Pedro
(AM) e para relator o peemedebista Romero Jucá (RR).
Criada há dois meses, a CPI
deve ser instalada hoje, com ou
sem o número mínimo de seis
integrantes. Ainda assim, não
há data para iniciar as investigações sobre a estatal. Mesmo a
escolha de presidente e relator
poderá ser postergada.
Contudo, basta a instalação
para abrir a contagem do prazo
de 180 dias para o final da CPI.
"Instalar, a gente instala",
afirmou o senador Gim Argello
(PTB-DF). Questionado se a
eleição para presidente da CPI
também estava confirmada para hoje, ele desconversou: "Será
uma terça-feira gorda, com assuntos dramáticos como Conselho de Ética, votação de Orçamento e instalação de CPI".
Hoje, os aliados do Palácio do
Planalto querem apenas acalmar a oposição, que condicionou a votação da LDO (Lei de
Diretrizes Orçamentárias) e,
consequentemente, o início do
recesso à instalação da CPI.
"Vou cumprir o acordo. Instalada a CPI, entrego o cargo de
relator na comissão das ONGs e
não tocamos as investigações
no Dnit", disse o líder tucano,
Arthur Virgílio (AM).
Caso não sejam escolhidos o
presidente e o relator, caberá
aos dois senadores mais velhos
conduzir os trabalhos -Paulo
Duque (PMDB-RJ) e Álvaro
Dias (PSDB-PR) seriam os responsáveis por receber requerimentos, que dependem de quórum para serem apreciados.
Autor do requerimento de
criação da CPI, Álvaro Dias
prepara uma pilha de pedidos,
entre eles a convocação de Wilson Santarosa, gerente de Comunicação Institucional da Petrobras, e informações sobre os
repasses à Fundação Sarney.
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