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Associação repassa verba de patrocínio à Fundação Sarney
Entidade de assistência, também ligada à família Sarney, recebeu dinheiro da Eletrobrás
Associação financiou festas em convento no MA que abriga a fundação; diretor da entidade é do gabinete do senador Lobão Filho
HUDSON CORRÊA
ENVIADO ESPECIAL A SÃO LUÍS
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Abom (Associação dos
Amigos do Bom Menino das
Mercês), entidade de assistência social ligada à família Sarney no Maranhão, repassou recursos obtidos por meio de patrocínio cultural para outra
instituição associada ao clã: a
Fundação José Sarney. Ambas
ficam em São Luís.
A associação repassou à Fundação Sarney ao menos R$ 35
mil pelo aluguel de um espaço
para festas -o pátio do Convento das Mercês, construído
no século 17 e atual sede da fundação no centro histórico da
capital maranhense.
Pelo menos uma destas festas foi financiada com dinheiro
público. Trata-se do auto de
Natal Canto de Luz, bancado
pela Eletrobrás, controlada por
aliados do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
No fim de 2008, a estatal destinou R$ 389 mil à Abom.
Há outra conexão entre a associação e a estatal. O diretor da
Abom, Raimundo Nonato Pereira Filho, tem cargo no gabinete do senador Lobão Filho
(PMDB-MA), filho do ministro
Edison Lobão (Minas e Energia). A pasta é responsável pelo
controle da Eletrobrás. Pereira
Filho não quis falar ontem sobre os repasses.
A Abom também alugou o
mesmo Convento das Mercês
para realizar outro evento patrocinado, o Maranhão Vale
Festejar, festa junina bancada
pela Vale. As informações foram confirmadas ontem pelo
diretor-executivo da fundação,
Fernando Belfort. Ele diz que a
entidade sobrevive do aluguel
do Convento das Mercês para
eventos. A sala para reuniões
tem diária de R$ 1.000.
A oposição à governadora do
Maranhão, Roseana Sarney
(PMDB), a acusa de explorar
politicamente as duas festas.
No caso da Vale Festejar, ela é
apresentada nos meios de comunicação da família como
"idealizadora" do evento, que
ocorre há sete anos. Roseana
nega o uso político.
Ambas as festas foram patrocinadas por recursos da Lei
Rouanet, esquema de incentivo
gerido pelo Ministério da Cultura. Ou seja, mesmo que os recursos tenham como origem
uma empresa privada, eles geram renúncia fiscal.
Em 2007, o patrocínio para a
Vale Festejar veio do Ministério do Turismo. Foram R$ 150
mil, dinheiro que a pasta diz
não ter tido prestação de contas
adequada. O episódio levou o
governo a proibir repasses federais à Abom.
Criada em 2000, a Abom está
intimamente ligada aos Sarney.
Um dos fundadores é o empresário Fernando Sarney, filho do
presidente do Senado.
A fundação, que tem José
Sarney como presidente de
honra, é suspeita de desviar recursos de outro patrocínio cultural. Em 2008, recebeu R$
1,34 milhão para preservar o
seu acervo, e terceirizou o serviço. Mas três empresários
contratados, que receberam
juntos R$ 124 mil, não souberam explicar que trabalho fizeram para a fundação.
As empresas são Shalom Assessoria Contábil e Fiscal (R$
72 mil), MC Consultoria (R$ 40
mil) e a Souza Premiere (R$ 12
mil), contratada para fazer curso de história da arte.
Adão de Jesus Sousa, dono da
Souza Premiere, não soube dar
detalhes sobre o curso. "Eu terceirizo o trabalho", disse.
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