São Paulo, terça-feira, 14 de agosto de 2001

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Na tribuna, Simon defende renúncia de Jader

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) defendeu ontem na tribuna da Casa a renúncia do presidente licenciado do Congresso, Jader Barbalho (PMDB-PA), do cargo e ganhou apoio dentro e fora do partido.
Para Simon, Jader deveria permanecer apenas senador, dedicando-se à sua defesa no Conselho de Ética. Os três senadores encarregados de investigá-lo começam hoje a examinar as acusações de seu suposto envolvimento em desvio de recursos do Banpará e em irregularidades na compra de uma fazenda.
Na opinião de Simon, ""Jader tem a obrigação, para com o seu partido e para com o Senado Federal, de renunciar à presidência da Casa", o que não significaria reconhecer sua culpa.
Romeu Tuma (PFL-SP), Jefferson Péres (PDT-AM) e João Alberto Souza (PMDB-MA) vão comparar a nota técnica do Ministério Público que aponta indícios de que Jader se beneficiou do desvio do Banpará com extratos bancários que o próprio senador enviou ao Senado.
A comissão também espera ter acesso a declarações de renda de Jader, guardadas sob sigilo no Senado, para verificar se ele declarou ou não a compra da Fazenda Chão Preto. Se a advocacia do Senado der parecer contrário a esse acesso, Péres pretende pedir que o próprio Jader autorize a quebra do seu sigilo fiscal.
""Jader deveria dar uma prova de grandeza e entender que já estamos no mês de agosto e o Senado não anda, porque as manchetes dos jornais trazem exatamente o seu caso", disse Simon.
Para José Fogaça (PMDB-RS), embora o ato da renúncia seja uma decisão pessoal, está se tornando ""cada vez mais óbvio" que Jader não tem condições de reassumir a presidência do Senado.
""O exercício da presidência realmente é constrangedor", disse. Mas ele prefere cobrar que a bancada do PMDB, como partido responsável pela presidência, tome uma providência ""para manter a funcionalidade do Senado".
""O Simon está arrependido de ter votado em Jader. Eu não votei nele pelas mesmas razões pelas quais deve sair", afirmou Osmar Dias (sem partido-PR). Paulo Hartung (PPS-ES) defendeu amplo direito de defesa a Jader, ""mas não na presidência do Senado, porque essa Casa precisa andar".
O líder do bloco de oposição, José Eduardo Dutra (PT-SE), está convencido de que não há ""condições políticas" para que Jader reassuma o cargo, embora ainda não haja elementos para defender sua cassação. A senadora Heloísa Helena (PT-AL) disse que a comissão estuda alternativas penais para que Jader não escape da Justiça. ""Acho que a realidade é implacável e o tempo conspira contra ele", disse, referindo-se à chance de as eventuais ações judiciais contra Jader prescreverem enquanto ele tiver imunidade.



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