São Paulo, terça-feira, 14 de agosto de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIAGEM PRESIDENCIAL

PT considera venezuelano aliado no combate ao neoliberalismo

Reforma agrária de FHC recebe elogios de Chávez

Patricia Santos/Folha Imagem
Fidel Castro, Hugo Chávez e o presidente FHC se cumprimentam em inauguração de subestação de energia elétrica, na Venezuela


FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A SANTA ELENA DE UAIRÉN

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, fez as vezes ontem de garoto-propaganda de seu colega Fernando Henrique Cardoso, elogiando o programa brasileiro de reforma agrária em cadeia nacional de rádio e TV.
"No Brasil, expropriaram, nos últimos seis anos, 20 milhões de hectares. Expropriados! Mas não foi um atentado contra a liberdade de propriedade, pelo contrário. Foi um ato a favor da busca da paz, do desenvolvimento, da liberdade e da igualdade", afirmou.
O presidente venezuelano, que utiliza retórica esquerdista e condena frequentemente o "imperialismo norte-americano", é visto com simpatia por vários setores do PT. O partido de Luiz Inácio Lula da Silva considera Chávez um aliado no combate ao neoliberalismo, que associa a FHC.
Os elogios foram feitos na cerimônia de inauguração de uma subestação de energia na cidade venezuelana de Santa Elena de Uairén, a 15 km da fronteira com Roraima. A subestação irá exportar energia elétrica para o Brasil. Serão 60 mil KWh neste ano.
O líder cubano Fidel Castro, que também visitava a Venezuela, esteve presente. Fazendo piada, prometeu ser breve em seu discurso. Falou por 35 minutos.
Ao final da cerimônia, FHC não perdeu a oportunidade de faturar politicamente o elogio: "Todas as pessoas que têm noção das coisas sabem que 500 mil famílias no campo em quatro ou cinco anos é uma coisa muito forte. Até o Fidel ficou impressionado", declarou.
Os três líderes enfatizaram a necessidade de integração dos países. Chávez repetiu a proposta de associar seu país ao Mercosul. "Espero que isso ocorra ainda no governo de Fernando Henrique."
Elogiando a posição cautelosa do Brasil quanto à Alca (Área de Livre Comércio das Américas), Chávez cometeu uma gafe: "A Alca é um projeto que quer integrar o grande e o pequeno. É como a seleção brasileira de futebol, grande, forte, enfrentar a seleção infantil desta cidade", disse, ignorando a crise da seleção brasileira.
FHC também destacou a necessidade de união. "Por muito tempo, Brasil e Venezuela estiveram de costas um para o outro. Isso foi um erro. Ou nos integramos, ou erramos", afirmou, em espanhol.

Apagão
FHC disse que a inauguração não alivia diretamente a crise energética no Brasil, visto que a energia transmitida da Venezuela irá servir apenas Roraima, que está fora do racionamento. Mas afirmou que é um "bom sinal". "O apagão está cada vez mais distante." Na hora da inauguração, houve um imprevisto. O sistema de rádio que Chávez e FHC usavam para ordenar o início do funcionamento falhou. Foi preciso usar um telefone para se comunicar com a sala de operações.



Texto Anterior: Diplomacia: Ex-diplomata depõe hoje no Senado
Próximo Texto: Apagão está cada vez mais distante, diz presidente
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.