São Paulo, terça-feira, 14 de agosto de 2001

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NO AR

Limpeza de imagem

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Num dia, FHC se proclama solidário com os manifestantes de Gênova. No seguinte, ontem, abraça Fidel Castro em pleno Jornal Nacional. E ainda aparece perfilado com Hugo Chávez.
Isso, diante das câmeras. Longe delas, como registrou o Bom Dia Brasil, encontrou-se com Pedro Malan para preparar o ministro para a "espinhosa tarefa" de defender o acordo com o FMI, hoje no Congresso.

 

Está prevista para hoje uma reunião em que líderes da Câmara dos Deputados, os mesmos do proclamado pacote ético, decidirão sua primeira ação para "limpar a imagem perante a opinião pública".
No registro da Jovem Pan, ontem:
- A primeira proposta é gastar quase R$ 9 milhões para limpar a imagem. O presidente da Câmara, Aécio Neves, disse que o Poder Legislativo tem que responder à altura e pode contratar publicidade para mostrar o que vem fazendo.
Não se deve ser pessimista, como ensina o presidente da República, mas gastar R$ 8,5 milhões em publicidade, num esforço pela ética na política, não soa muito bem.
Como não soou nada bem a coincidência, registrada pela Globo News dias atrás, entre a limpeza de imagem dos tucanos e a "adesão" de Ronaldo Cunha Linha ao PSDB, deixando para trás o PMDB.
 

No esforço intermitente de preparação de um candidato tucano para 2002, seja ele quem for, Aécio Neves ganhou os holofotes, a começar do JN e do programa de Jô Soares, na Globo.
Mas ainda tem que prefira Pedro Malan. As resistências tucanas ao ministro, ao menos diante das câmeras, andam baixas.
Se antes havia Mário Covas para vetar o ministro da Fazenda, hoje há esforços tênues de duas únicas figuras, os governadores Geraldo Alckmin e Tasso Jereissati.
 

No correr do fim de semana, até ontem, a Globo mostrou um pastor atacando os "demônios que têm usado" o técnico do Corinthians contra o jogador Marcelinho. Tais demônios, dizia o pastor, "vão conhecer a vingança e o juízo de Deus".
Novamente, a cena serviu, antes de mais nada, para expor as denominações evangélicas.
É a guerra santa da audiência, que volta e meia se apresenta na tela -e que no mesmo final de semana, registre-se, mostrou uma nova face.
Na transmissão do programa Criança Esperança, de coleta de doações, a Globo conseguiu reagir ao concorrente Teleton, hoje no SBT, e formou cadeia com Rede TV!, TVE, Rede Vida e diversas outras.
Em meio à disputa por audiência, agora, acham-se até as crianças carentes.

E-mail:
nelsonsa@uol.com.br



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