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Ibsen é pivô de polêmica entre revistas
DA REPORTAGEM LOCAL
A revista "IstoÉ" traz na capa
desta semana reportagem acusando a "Veja" de ter publicado,
conscientemente, texto errado
que colaborou para o processo de
cassação do ex-presidente da Câmara dos Deputados Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), há 11 anos.
O mote da "IstoÉ" é um artigo
escrito pelo jornalista Luís Costa
Pinto ("Lula") admitindo ter publicado em 1993 reportagem em
que afirmava que Ibsen Pinheiro
tinha movimentado US$ 1 milhão
em suas contas, mesmo sabendo
que essa quantia não era verdadeira (seriam US$ 1.000).
Costa Pinto conta ter recebido o
material denunciando a suposta
movimentação financeira de Pinheiro de Waldomiro Diniz -ex-assessor da Casa Civil do atual governo, hoje acusado de negociar
propina com empresário de jogo.
Como havia pouco tempo para a
finalização da revista, os dados só
teriam sido checados durante a
madrugada, quando as páginas já
estavam na gráfica.
Descoberto o erro, Costa Pinto
diz que recebeu uma ordem do
jornalista Paulo Moreira Leite, então editor-executivo da "Veja",
para obter uma declaração que
sustentasse a história.
Costa Pinto diz ter telefonado
para Benito Gama (PTB-BA), presidente da CPI da Máfia do Orçamento na época, que teria confirmado a movimentação de US$ 1
milhão por Ibsen.
Versão mentirosa
Indagados ontem sobre o caso,
Moreira Leite e Benito Gama negam a versão de Costa Pinto.
"Nunca pedi que ele inventasse
nada. Quando percebi, orientado
pelo pessoal da checagem, que os
dados que davam sustentação à
reportagem pareciam frágeis, pedi a ele que os confrontasse com
sua fonte. Apenas perguntei se ele
sustentava o que tinha escrito, e
ele disse que sim. Entre a palavra
de um checador e a garantia do
jornalista, fiquei com o segundo",
diz Moreira Leite, hoje diretor de
Redação do "Diário de S.Paulo".
"Se houve erro, não foi fruto de
má-fé. O valor de US$ 1 milhão
que a revista diz que Ibsen movimentou estava atribuído explicitamente à CPI", diz Moreira Leite.
Para Benito Gama, "a história
do artigo é delírio". "Nunca tive
esse diálogo que Costa Pinto descreve. Não condiz com meu comportamento na CPI e no Congresso durante 16 anos", afirma.
Costa Pinto, que escreveu o artigo para um livro de memórias de
Ibsen Pinheiro, afirma que se sente "bem em ter corrigido um erro
do passado". "Cumpri um dever
comigo, com os fatos. Erros médicos, em geral, são fatais. Erros de
engenharia provocam tragédias.
Erros jornalísticos produzem vítimas silenciosas, dores de alma.
Devia ficar em silêncio?", pergunta Costa Pinto, que é hoje assessor
especial de João Paulo Cunha
(PT-SP), presidente da Câmara.
Candidato a vereador em Porto
Alegre, Ibsen Pinheiro descartou
a adoção de medidas judiciais. ""O
que foi afetada foi a minha imagem. Não quero reparação material", disse Ibsen.
Na época da denúncia, o então
presidente da Câmara, que havia
tido atuação de destaque no processo de impeachment de Fernando Collor, um ano antes, era
cotado como possível candidato à
Presidência da República.
À "IstoÉ", Ibsen disse que após
a denúncia perdeu dez quilos e teve que se esforçar para "não morrer". Procurada pela Folha, a direção da "Veja" não quis falar.
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