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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Seqüestro parece "atentado político", afirma Alckmin
Candidato do PSDB evita ligar crime ao PCC e reforça segurança na campanha
Após dispensar a proteção da Polícia Federal, direito garantido a presidenciáveis, tucano passa a receber escolta de dois agentes
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
O candidato do PSDB a presidente, o ex-governador de São
Paulo Geraldo Alckmin, afirmou ontem que o seqüestro do
jornalista Guilherme Portanova, da TV Globo, tem "características de atentado político",
mas evitou relacionar o crime à
facção criminosa PCC ou a
qualquer partido político.
Temeroso quanto à possibilidade de um ataque contra sua
campanha, o candidato requisitou, pela primeira vez, proteção
da Polícia Federal e ontem participou de atividade eleitoral na
zona leste da capital paulista
sob a proteção de dois agentes.
No PSDB e no PFL, ganhou
força no final de semana a corrente que defende atacar a suposta ligação do PCC com integrantes do PT no horário gratuito de rádio e TV, que terá início amanhã em todo o país.
Alckmin, contrário à estratégia, foi mais cauteloso. "Quero
manifestar toda a minha solidariedade à família da vítima, à
TV Globo, mas vamos aguardar. Tem todas as características de atentado político, mas
nos cabe agora... Vou deixar para me pronunciar daqui a alguma horas", afirmou Alckmin,
por volta das 12h30, ao deixar
um culto religioso.
Em seguida, questionado sobre a afirmação, ele não quis
responder. "Não vou fazer nenhum comentário enquanto
essa questão não estiver resolvida. Qual o próximo tema?"
A expectativa do ex-governador, que deixou o cargo no final
de março, era de que a polícia libertasse o jornalista ainda ontem. O tucano estava em contato permanente com o secretário da Segurança, Saulo de Castro Abreu Filho, um de seus
aliados no governo.
Alckmin decidiu que não iria
atribuir o crime ao PCC nem
comentar as reivindicações da
facção para não confrontar os
seqüestradores, o que, no seu
entender, poderia colocar em
risco a vida do jornalista. Seu
receio era de que um desfecho
infeliz da operação pudesse ser
atribuído a ele.
No início da madrugada de
ontem, um suposto membro do
PCC pedia, em vídeo divulgado
pela TV Globo, mudanças no
sistema prisional do Estado.
Anteontem, o tucano José
Serra, candidato ao governo de
São Paulo, declarou que o PCC
faz oposição ao PSDB. "O crime
organizado não gosta do PSDB.
Esse é um dado da realidade,
que aparece em todas as gravações e conversações que até hoje vieram a público", disse.
Serra era aguardado ontem
pela manhã num evento da
campanha de Alckmin, mas
preferiu dedicar o dia à família
e às reuniões com seu núcleo
político. À noite, o ex-prefeito
gravou programas do horário
eleitoral de rádio e TV.
Clima de terror
Como de costume, Alckmin e
seus assessores diretos chegaram ao templo evangélico da
Comunidade da Graça, na Vila
Carrão (zona leste), em um táxi. Logo atrás, no entanto, vinha a escolta de um carro azul,
com dois agentes à paisana.
Durante o evento, um deles
ficou no interior do templo, onde estavam cerca de 2.000 pessoas, e outro circulou pela parte
de fora. O ajudante-de-ordens
do ex-governador, um policial
militar, usava coletes à prova de
bala, medida adotada apenas
em situações críticas. Alckmin,
segundo a Folha apurou, dispensou o uso da proteção.
Conforme a lei, todos os candidatos a presidente têm direito à proteção da PF. Alckmin,
no início da campanha, havia
dispensado o auxílio. Mas, segundo tucanos ligados a ele, as
ameaças do PCC contra Alckmin e sua família teriam aumentado nos últimos dias.
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