|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo já se arma para rebater críticas de Marina
Planalto vai retrucar que desmatamento caiu depois que ela deixou o ministério
Lula não fará apelo para que a senadora fique no PT e avalia que ela não tem um discurso amplo, mas um "samba de uma nota só"
KENNEDY ALENCAR
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Informado por aliados de que
Marina Silva deixará o PT para
disputar a Presidência pelo PV
em 2010, o governo federal já
engatilhou um discurso para
rebater eventuais críticas da senadora do Acre.
Primeiro torpedo: o desmatamento caiu depois que Marina deixou o Ministério do Meio
Ambiente, em maio de 2008.
Entre agosto de 2008 e junho
de 2009, o desmatamento na
Amazônia teve queda de 55%.
Segundo torpedo: como responsável pela área ambiental
por quase cinco anos e meio, ela
não teria autoridade para fazer
críticas ao governo.
A Folha ouviu esses dois argumentos de um auxiliar direto
do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, que avaliou que a
eventual candidatura de Marina terá dificuldade para encontrar discurso contra a também
eventual candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).
Nas palavras de um ministro,
Carlos Minc, que substituiu
Marina, seria mais eficiente.
Aliados de Marina lembram
que ela deixou o governo, de
surpresa, alegando que fazia tal
movimento para chamar a
atenção sobre o crescimento
do desmatamento e forçar Lula
a tomar medidas para que houvesse redução. Ou seja, como o
desmatamento crescia, sua saída colocou o presidente na defensiva e o fez adotar medidas
que reduziriam a derrubada de
árvores na Amazônia a partir
de agosto de 2008. Daí o dado
de queda de 55% em 11 meses.
Lula já disse a auxiliares que
não pretende procurar Marina
para apelar para que ela fique
no PT. Ele acha que ela não terá um discurso amplo, mas de
"samba de uma nota só".
Enquanto foi ministra, Marina travou várias batalhas com
Dilma e outras áreas do governo. Aliados da senadora dizem
que ela só saiu depois de ter insistido bastante e que isso lhe
credenciaria, sim, para atacar a
política ambiental de Lula.
Dois aliados de Lula, o ex-governador do Acre Jorge Viana
(PT) e José Sarney (PMDB-AP) informaram o Planalto que
Marina já acertou a filiação ao
PV e a postulação presidencial.
O discurso ainda cauteloso
buscaria apenas ganhar tempo.
Sarney disse a Lula que seu
filho, o deputado federal Zequinha Sarney (PV-MA), já havia confirmado o acordo para a
filiação de Marina. Zequinha é
líder do PV na Câmara.
Por ora, o discurso do governo é de que a eventual candidatura de Marina não abalará Dilma profundamente.
Nas palavras de um ministro,
ela deverá ter um desempenho
que ficaria entre o de Heloísa
Helena (PSOL) e Cristovam
Buarque (PDT) no primeiro
turno de 2006. Heloísa obteve
6,9% dos votos válidos. Buarque, 2,7%.
No PT, porém, o temor de
um estrago na eventual campanha de Dilma é bem maior. O líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), juntamente com outros
petistas, fez um apelo na noite
de anteontem para que Marina
Silva não troque o partido pelo
PV. Fontana mostrou preocupação com a disputa de 2010,
caso a senadora decida por ser
candidata à Presidência.
E enquanto ouvem os apelos
dos petistas, as lideranças do
PV já estão de olho nas possíveis alianças para a eventual
candidatura de Marina. Além
de Cristovam Buarque (PDT-DF), o PSOL foi apontado como provável aliado. O partido
realiza um congresso nacional
no próximo dia 21, quando vai
discutir o novo cenário.
Texto Anterior: Sem-terra: MST participa de protesto hoje na avenida Paulista Próximo Texto: Rumo a 2010: Candidatura de Marina prejudicará mais o governo, diz Aécio Índice
|