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Amadeo liga reforma à pobreza
da Sucursal do Rio
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda,
Edward Amadeo, defendeu ontem a reforma da Previdência como forma de diminuir a pobreza
no Brasil.
Em palestra no seminário "Desigualdade e Pobreza no Brasil",
Amadeo disse que a reforma da
Previdência é "uma reforma a favor do pobres, uma reforma social, e não apenas com objetivos
fiscais".
Segundo ele, a reforma permitiria "melhorar a qualidade dos
gastos" no país. Amadeo lembrou
que o país despende cerca de R$
100 bilhões por ano com os chamados "gastos sociais", em que
estão incluídas despesas com saúde, educação, qualificação profissional, programas de renda mínima, pensões e aposentadorias.
Desse total, disse ele, 63% são
gastos com a Previdência. "É impossível melhorar as políticas voltadas para o campo social com o
peso que carregamos com a Previdência", afirmou.
Enquanto os gastos com os aposentados do funcionalismo público -cerca de 900 mil- geraram
um déficit de R$ 13 bilhões em 95,
que deve saltar para R$ 19 bilhões
este ano, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), com cerca
de 18 milhões de aposentados, registrou um superávit de R$ 10 bilhões em 1995 e um déficit praticamente equivalente (R$ 10,5 bilhões) este ano.
Ele lembrou ainda que as aposentadorias do funcionalismo público registram ganho médio praticamente seis vezes maior que as
do INSS (R$ 2.161, contra R$ 339).
Segundo ele, o Legislativo recebem os maiores benefícios -média de R$ 7.411-, seguido do Judiciário (R$ 5.544), dos militares
(R$ 2.456) e dos civis (R$ 1.853).
Outro exemplo citado por
Amadeo foi que 40% dos gastos
com o INSS estão concentrados
nas pessoas que ganham acima de
dois salários mínimos.
Também presente ao seminário, a primeira-dama Ruth Cardoso criticou indiretamente a criação de um imposto contra a pobreza ao afirmar que "falar em
mais recursos ou mais instituições para combater o problema
não resolve".
Para a primeira-dama, a pobreza e as desigualdades sociais poderiam ser amenizadas com a melhor utilização dos recursos já
existentes para o campo social.
O seminário "Desigualdade e
Pobreza no Brasil" reúne especialistas sobre o assunto no país.
A pobreza e a educação constituem as maiores preocupações de
representantes de quatro setores
da sociedade brasileira: empresários, políticos, sindicalistas e burocratas. A constatação está na
pesquisa "Percepções das Desigualdades e da Pobreza entre as
Elites", do Nied (Núcleo Interdisciplinar de Estudos de Desigualdade), rede de pesquisadores ligados a instituições federais.
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