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QUESTÃO AGRÁRIA
Julgamento de massacre no PA começa segunda
PM diz que clima é tenso entre policiais e é detido por 24 horas
LUÍS INDRIUNAS
da Agência Folha, em Belém
O presidente da Associação dos
Policiais Militares e Bombeiros do
Pará, capitão Luiz Fernando Gomes Furtado, foi detido por 24 horas pelo Comando Geral da PM
por indisciplina.
Furtado declarou para a imprensa que o clima era tenso entre
os policiais por causa da proximidade do julgamento do massacre
de Eldorado do Carajás, que inicia
na próxima segunda-feira.
Serão julgados 150 PMs, acusados de envolvimento na morte de
19 sem-terra durante a desobstrução da PA-150, em Eldorado do
Carajás, em abril de 1996.
Furtado chegou a dizer que os
soldados pretendiam desertar caso algum dos oficiais fosse condenado. Mesmo com a repressão, a
associação informou que prepara
um protesto para o primeiro dia
de julgamento.
O deputado estadual Ivanildo
Alves, líder da greve da Polícia
Militar, no entanto, considerou a
declaração um exagero. ""Nós estamos muito bem assessorados
juridicamente e todos têm respondido o processo em liberdade.
Não há por que existir tensão."
Ontem, durante a última entrevista antes do julgamento, o juiz
Ronaldo Valle disse estar preparado psicológica, jurídica e fisicamente para o julgamento. ""O Senhor é meu pastor, nada me faltará", declarou o juiz.
Apesar da proximidade, as testemunhas de acusação continuam aguardando um posicionamento do TJ (Tribunal de Justiça)
ou do Ministério Público Estadual
sobre o pagamento da viagem e
da hospedagem, já que as cinco
pessoas não moram em Belém. O
presidente do TJ, Alberto Maia,
disse que nada foi pedido sobre o
pagamento dessas diárias.
Saramago
O escritor José Saramago disse
ontem, no Rio, ter recusado o título de doutor honoris causa da
UFPA (Universidade Federal do
Pará) por dois motivos. Primeiro,
pelo fato de o governador Almir
Gabriel (PSDB) ser o mesmo que
ocupava o cargo quando aconteceu o massacre. Segundo, por
causa da mudança no data da entrega do título, para que não coincidisse com o julgamento.
Colaborou free-lance para a Folha
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