São Paulo, terça-feira, 14 de setembro de 2004

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TODA MÍDIA

Vinte anos depois

NELSON DE SÁ

Franklin Martins fechou a semana passada com ironia, na Globo News:
- Não existe o menor risco de dar certo o esforço concentrado no Congresso.
Alexandre Garcia abriu ontem a semana cobrando na Globo, para a Lei de Biossegurança que não vai ser votada, uma "medida provisória com urgência e relevância mesmo".
Mas não era em torno de esforço concentrado ou medida provisória, propriamente, que Brasília se consumia.
Sites e rádios anunciavam que o jantar de Lula com ACM, Roseana Sarney, Siqueira Campos e o restante da "oposição light", expressão de Boris Casoy, "agita a semana" na capital.
Estaria a caminho um novo partido, para abrigar parte da Frente Liberal, 20 anos depois da sua formação para sustentar Tancredo Neves no Colégio Eleitoral -ou, dizem outros, para enterrar as diretas.
ACM e Jorge Bornhausen, presidente do PFL, não escondem que é o desejo de ambos. Há mais de mês eles vêm falando de mudanças na legenda para depois das eleições -e fazendo acusações um ao outro. Não foi diferente, ontem.
A novidade foi José Sarney, presidente do Senado e pai de Roseana, defender o encontro na Agência Nordeste, dizendo que "Lula pode jantar com quem quiser".
Outra novidade foi Delfim Netto declarar à Jovem Pan que, se vier mesmo um novo partido, terá "satisfação em participar" -ou, o que é mais provável, em receber ACM no seu.
Duas décadas depois, outra frente liberal para apoiar outro governo. E fazer votar o que Franklin Martins e Alexandre Garcia tanto reclamam.
 
Além do centrão de direita, diz "O Globo", está em articulação um centrão de esquerda, com objetivos semelhantes:
- Os líderes do PSB, do PC do B, do PPS, do PV e do PDT estão negociando a formação de um bloco... As conversas incluem, caso ocorra a reforma política, a formação de uma "federação partidária" para 2006.
Para 2006 e, é claro, para ter "maior influência no governo".

CANDIDATOS TRABALHANDO

Globo/Reprodução
No SPTV, túnel da prefeita contra farmácia do governador


Nada como uma eleição para fazer os governos trabalharem. Duas notícias do SPTV, ontem:
- Hoje foi o primeiro dia útil de funcionamento dos dois sentidos do túnel sob a Faria Lima. O excesso de veículos congestionou a avenida Rebouças, mas nos túneis, que facilitam o acesso à Eusébio Matoso e à Marginal Pinheiros, o fluxo foi normal.
- A partir de hoje, quem precisar de remédios vai poder retirar de graça no metrô. Serão distribuídos 40 tipos nos postos da farmácia Dose Certa, em dez estações. São medicamentos para hipertensão, analgésicos e outros.
 
Em tempos eleitorais, basta pressionar um pouco. Foi o que fez José Serra há quase um mês, sobre as obras do metrô. Dele, em discurso, como noticiou a Folha:
- Na minha opinião, já deveria começar o trabalho. Porque tudo demora, quando se decide fazer, vai demorar um ou dois anos para fazer. Desde já.
Não demorou e lá estavam as obras, no SPTV. Aliás, lá estavam elas de novo, ontem no horário eleitoral tucano.

Autômato
Dos telejornais da Record e Band aos sites do baiano "A Tarde" e Bloomberg, foi destaque ontem o novo acesso de José Dirceu, dizendo que não é "robô" de Lula e criticando o eventual aumento de juros.
Conseguiu tirar de cena as críticas à mesma elevação dos juros feitas pelo vice José Alencar, o deputado Delfim Netto e sobretudo o governador tucano Geraldo Alckmin.
Horas depois, ele recebia Lula em casa, para jantar.

Em breve
Não demorou e a Globo On Line entrou com outra manchete, ontem à tarde, sobreposta ao acesso de José Dirceu:
- Antonio Palocci quer Banco Central autônomo em breve.

Ao ataque
Marta Suplicy, ontem no horário eleitoral, dispensou o intermediário João Manuel e foi ela mesma ao ataque contra José Serra, citado pelo nome.
E ouviu ataques, por outro lado, cada vez mais específicos do pseudocandidato Ciro Moura.

Bolão
A BBC Brasil traduziu o britânico "The Guardian" e daí foi para os demais sites:
- Lula continua a jogar um bolão para o Brasil.
Mas não era bem assim o título do jornal, segundo a Globo News. Em vez de "bolão", era "jogo bonito", em referência a um filme sobre Pelé.
De todo modo, era uma reportagem elogiosa à política externa de Lula -com ressalvas.


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