São Paulo, sexta-feira, 14 de setembro de 2007

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PT empurra desgaste para Mercadante

Senador paulista rebate as críticas ao afirmar que a bancada foi liberada na votação e nega que tenha pedido votos para Renan

Gerson Camata (PMDB-ES) diz que parlamentar que se absteve de votar na sessão secreta do Senado de anteontem é um "gay cívico"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Preocupados com o desgaste pela absolvição do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), integrantes da bancada do PT criticaram Aloizio Mercadante (PT-SP) por ele ter declarado que se absteve.
Os petistas afirmaram que essa foi uma atitude isolada do senador, mas todos estavam sob suspeita na Casa.
As seis abstenções foram decisivas para arquivar o pedido de cassação. Esse foi o número que faltou para completar os 41 votos necessários para Renan perder o mandato. "Essa história de abstenção foi um movimento isolado de Aloizio Mercadante. Ele que assuma o que fez e não fique arrolando os outros", disse a líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC).
Após a divulgação do resultado, cinco petistas riam em plenário e comemoravam o desfecho do processo. "Somos a bancada da abstenção", disse Fátima Cleide (RO). Ela estava acompanhada de Ideli, João Pedro (AM), Serys Slhessarenko (MT) e Sibá Machado (AC).
Ontem ela negou o fato, que foi presenciado pela Folha. "Vai ter versão para todos os gostos. Eu não disse isso", afirmou Fátima Cleide, que não declarou seu voto.
Sibá também negou que tenha participado da cena e jogou o desgaste para Mercadante. "Pela atuação dele acho que se absteve mesmo. Ele estava desde terça-feira com a preocupação de suspender a votação e julgar os processos todos em bloco", disse Sibá, que se recusou a revelar como votou.
O senador Tião Viana (PT-AC), que presidiu a sessão secreta, criticou a posição do correligionário e afirmou que não seguiu o mesmo caminho.
As críticas também vieram de outras bancadas. "Vimos ontem [anteontem] uma coisa muita estranha, que foi o surgimento do "gay cívico". É o senador que não vota nem sim nem não, abstendo-se de votar. Ele é meio termo, está no meio. Além de se esconder na covardia vergonhosa da votação secreta, ele se esconde na abstenção", afirmou Gerson Camata (PMDB-ES), na tribuna.
Mercadante rebateu as críticas afirmando que a bancada foi liberada na votação. "Eu votei pela minha convicção. Não havia elementos conclusivos", disse ele. O senador negou que tenha pedido votos. "Eu jamais defendi como cada senador votar. A única coisa que eu disse era que cada um tinha que assumir seu voto."
Os petistas também foram pressionados por outros partidos a se absterem. A Folha apurou que Mão Santa (PMDB-PI), que a princípio votaria contra Renan, decidiu cabalar votos pela abstenção depois de ouvir discursos de defesa. Um dos que ele teria conquistado foi o senador Paulo Paim (PT-RS). Os dois negam.
O senador Delcídio Amaral (PT-MS) subiu à tribuna para negar que tenha participado de um acordo no PT para se abster. "Não participei de nenhuma reunião e de nenhum acordo para abster-me", disse ele. Delcídio não declarou seu voto.
Já o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou que votou pela cassação, mas que não condena quem se absteve.
Nas contas de Renan, ele obteve apoio de 9 dos 12 senadores que compõem a bancada do PT. Ele conta como votos favoráveis os contrários à sua cassação e as abstenções. Na avaliação de senadores aliados a Renan, o peemedebista conseguiu suporte de 8 dos 12.
No mapa de Renan, os democratas Heráclito Fortes (PI) e Efraim Moraes (PB) também votaram a seu favor.
(FERNANDA KRAKOVICS, VERA MAGALHÃES, MARIA LUIZA RABELLO, FÁBIO ZANINI E KENNEDY ALENCAR)

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