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PT empurra desgaste para Mercadante
Senador paulista rebate as críticas ao afirmar que a bancada foi liberada na votação e nega que tenha pedido votos para Renan
Gerson Camata (PMDB-ES) diz que parlamentar que se absteve de votar na sessão secreta do Senado de anteontem é um "gay cívico"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Preocupados com o desgaste
pela absolvição do presidente
do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), integrantes da
bancada do PT criticaram Aloizio Mercadante (PT-SP) por ele
ter declarado que se absteve.
Os petistas afirmaram que
essa foi uma atitude isolada do
senador, mas todos estavam
sob suspeita na Casa.
As seis abstenções foram decisivas para arquivar o pedido
de cassação. Esse foi o número
que faltou para completar os 41
votos necessários para Renan
perder o mandato. "Essa história de abstenção foi um movimento isolado de Aloizio Mercadante. Ele que assuma o que
fez e não fique arrolando os outros", disse a líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC).
Após a divulgação do resultado, cinco petistas riam em plenário e comemoravam o desfecho do processo. "Somos a bancada da abstenção", disse Fátima Cleide (RO). Ela estava
acompanhada de Ideli, João
Pedro (AM), Serys Slhessarenko (MT) e Sibá Machado (AC).
Ontem ela negou o fato, que
foi presenciado pela Folha.
"Vai ter versão para todos os
gostos. Eu não disse isso", afirmou Fátima Cleide, que não
declarou seu voto.
Sibá também negou que tenha participado da cena e jogou
o desgaste para Mercadante.
"Pela atuação dele acho que se
absteve mesmo. Ele estava desde terça-feira com a preocupação de suspender a votação e
julgar os processos todos em
bloco", disse Sibá, que se recusou a revelar como votou.
O senador Tião Viana (PT-AC), que presidiu a sessão secreta, criticou a posição do correligionário e afirmou que não
seguiu o mesmo caminho.
As críticas também vieram
de outras bancadas. "Vimos
ontem [anteontem] uma coisa
muita estranha, que foi o surgimento do "gay cívico". É o senador que não vota nem sim nem
não, abstendo-se de votar. Ele é
meio termo, está no meio.
Além de se esconder na covardia vergonhosa da votação secreta, ele se esconde na abstenção", afirmou Gerson Camata
(PMDB-ES), na tribuna.
Mercadante rebateu as críticas afirmando que a bancada
foi liberada na votação. "Eu votei pela minha convicção. Não
havia elementos conclusivos",
disse ele. O senador negou que
tenha pedido votos. "Eu jamais
defendi como cada senador votar. A única coisa que eu disse
era que cada um tinha que assumir seu voto."
Os petistas também foram
pressionados por outros partidos a se absterem. A Folha
apurou que Mão Santa
(PMDB-PI), que a princípio votaria contra Renan, decidiu cabalar votos pela abstenção depois de ouvir discursos de defesa. Um dos que ele teria conquistado foi o senador Paulo
Paim (PT-RS). Os dois negam.
O senador Delcídio Amaral
(PT-MS) subiu à tribuna para
negar que tenha participado de
um acordo no PT para se abster. "Não participei de nenhuma reunião e de nenhum acordo para abster-me", disse ele.
Delcídio não declarou seu voto.
Já o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou que votou pela cassação, mas que não
condena quem se absteve.
Nas contas de Renan, ele obteve apoio de 9 dos 12 senadores que compõem a bancada do
PT. Ele conta como votos favoráveis os contrários à sua cassação e as abstenções. Na avaliação de senadores aliados a
Renan, o peemedebista conseguiu suporte de 8 dos 12.
No mapa de Renan, os democratas Heráclito Fortes (PI) e
Efraim Moraes (PB) também
votaram a seu favor.
(FERNANDA KRAKOVICS, VERA MAGALHÃES, MARIA LUIZA RABELLO,
FÁBIO ZANINI E KENNEDY ALENCAR)
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