São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

"Lula tudo bem"

"Lula tudo bem. O problema é o PT." A frase, martelada em um dos comerciais da nova fase da propaganda de Geraldo Alckmin, indica um tom que vai além da campanha paulistana, ditado pelo recorde histórico de aprovação ao presidente em pesquisa Datafolha.
O comando do PSDB já sinalizou que fará vista grossa ao esforço de seus candidatos, por todo o país, para se associarem ainda que "de lado" à imagem de Lula. O mesmo se passa com o DEM, cujo candidato em melhor situação nas capitais (ACM Neto, líder em Salvador) não se cansa de fazer mea culpa pelas críticas do passado e de repetir que, se eleito, terá plenas condições de trabalhar "em parceria" com o Planalto.



Quem te viu. Alckmin, na campanha de 2006: "Lula não tem como explicar a seqüência de escândalos que envolvem seu governo". Ou: "Quero ser o instrumento do povo para acabar com cuecão, mensalão, sanguessuga, vampiro".

Escala industrial. Da série "nunca antes": em Coari (AM), na quarta, o secretário do MEC Eliezer Pacheco sugeriu que seja instalado um busto de Lula em cada escola profissionalizante inaugurada em seu governo. Serão mais de 300 até 2010.

Duro na queda. Até kassabistas admitem que Alckmin, embora estagnado, está demonstrando mais resistência do que alguns imaginavam para se segurar no piso dos 20% de intenção de voto.

Muito prazer. Os marqueteiros de Alckmin (Raul Cruz Lima) e de Marta Suplicy (João Santana), que, segundo relatos, teriam trabalhado juntos no passado, na verdade se conheceram quinta-feira, no estúdio do debate da Band.

Meu garoto. Agora que está perto de liquidar a fatura no primeiro turno em Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB) recebeu até telefonema de Lula. Ouviu do presidente um "vai por aí que está certo".

Sobrou. Prestes a se reeleger em Curitiba, Beto Richa (PSDB) foi recebido aos gritos de "governador" num jantar de arrecadação de fundos. A seu lado, o senador Álvaro Dias, que também sonha com o posto, sorriu amarelo.

Enxoval 1. O governo tem pronto um plano para comprar 31 maletas telefônicas destinadas ao Depen (Departamento Penitenciário Nacional). Chamadas de ERBs (Estação Rádio Base), bloqueiam o sinal de telefone em presídios, mas também são capazes de realizar grampos. Vinte delas iriam para penitenciárias estaduais, cinco para federais e outros seis não teriam "endereço fixo".

Enxoval 2. A aquisição das maletas, ao preço de R$ 500 mil cada, foi decidida no ano passado por uma comissão com representantes dos três Poderes, para combater o crime organizado. Até dezembro o governo define se fará licitação ou compra direcionada.

Pechincha. De um comerciante de equipamentos de escuta: "Hoje, usando peças contrabandeadas, pode-se montar uma maleta de grampo no Brasil por R$ 45 mil".

Geladeira. Decidido a manter Protógenes Queiroz na Sibéria, o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, tirou do delegado, que já perdera o comando da Operação Satiagraha, a chefia de um novo núcleo de inteligência voltado para a Copa de 2014. Dois anos atrás, Protógenes comandou a Operação Perestroika, que devassou a parceria MSI/Corinthians.

Elástico. Em recente seminário na França, o presidente do Incra, Rolf Hackbart, defendeu um projeto para diminuir o tamanho máximo das terras que podem ser compradas da União. O limite atual é de 2.500 hectares (até 1.500 hectares há dispensa de concorrência). A idéia enfurece os ruralistas, que pressionam por menos restrições.

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO


Tiroteio

"Está cada vez mais difícil para a oposição. Nem os seus candidatos a prefeito querem embarcar na tese de que o Brasil está à beira do caos."
Do líder do governo na Câmara, HENRIQUE FONTANA (PT-RS), sobre os 64% de aprovação ao governo Lula registrados pelo Datafolha.


Contraponto

Conterrâneos

Senadores por Goiás, Lúcia Vânia (PSDB), Marconi Perillo (PSDB) e Demóstenes Torres (DEM) promoveram uma caravana para apoiar candidatos demo-tucanos no interior do Estado. Levaram junto o presidente do PSDB, Sérgio Guerra. Em Valparaíso, onde os dois partidos estão coligados, o locutor anunciava a chegada do trio quando foi avisado da presença de um convidado.
-O senador Sérgio Guerra é de Pernambuco, terra de gente famosa, terra do nosso...-ia explicando ao microfone, mas foi podado pela turma em volta:
-Não fale do Lula!
Veio o silêncio, e, em seguida, a emenda do locutor:
-Terra de Lampião, gente!


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