|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Redutos da oposição recebem mais publicidade do Planalto
Sul e Sudeste foram privilegiados em propagandas dos três principais programas federais
Definição de cidades e de órgãos para veicular os anúncios segue cruzamento dos objetivos de campanha com público-alvo, diz Secom
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Redutos da oposição no Sul e
Sudeste receberam no primeiro semestre tratamento privilegiado do governo na distribuição de propaganda de seus
três principais programas: PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento), Minha Casa, Minha Vida e Bolsa Família.
O Sul recebeu mais de 70%
dos anúncios em jornais do
PAC e teve publicidade do Bolsa Família superior à sua proporção na população, em jornais e em rádios. Já o Minha
Casa concentrou-se em São
Paulo -capital e interior, também em proporção superior à
população do Estado.
Os três programas estão no
centro da estratégia eleitoral de
Lula em 2010 para tentar fazer
sua sucessora a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
A distribuição da publicidade
dos programas está em planilha
de 30 de julho que a Presidência enviou à Câmara dos Deputados, atendendo a requerimento apresentado pelo deputado Edson Aparecido (PSDB-SP). São 52 páginas assinadas
por Ottoni Fernandes Jr., responsável pela publicidade oficial na Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência.
À Folha Fernandes afirmou
que "a definição de veículos e
cidades é orientada pelo cruzamento dos objetivos das campanhas com o público-alvo a
ser atingido". De acordo com
ele, "inclusão e diversificação
são diretrizes que orientam a
comunicação de governo".
A planilha refere-se aos meses de março a julho deste ano
e lista todos os órgãos de mídia
que receberam anúncios.
A região Sul, onde Lula tem
seus mais baixos índices de
aprovação, tem 70,61% dos jornais que receberam anúncios
do PAC. A proporção é muito
superior aos 14,54% de sua fatia da população brasileira. O
Sul ficou ainda com 23,51% das
rádios onde houve anúncio do
PAC e 22,46% das que tiveram
propaganda do Bolsa Família.
Em comparação, o Nordeste,
com 28,01% da população, teve
apenas 3,23% dos jornais com
anúncios do PAC e 15,4% das
rádios que tiveram publicidade
do Minha Casa. Segundo Fernandes, a distribuição segue a
proporcionalidade do número
de rádios nas regiões. "De acordo com o MídiaDados 2008, a
região Sul concentra 23,4% das
emissoras de rádio", diz.
No caso dos jornais, ele afirma que o contato com os veículos para oferecer publicidade é
feito por meio de associações
regionais dos veículos, e que o
Sul tem algumas das associações mais estruturadas.
Um terceiro critério, de acordo com o governo, é o número
de obras e projetos em curso
em determinado Estado.
Em São Paulo, governado pelo PSDB, há concentração dos
anúncios de rádio do Minha
Casa, programa habitacional
que deve ser o carro-chefe da
campanha de Dilma. Das 227
emissoras do país que tiveram
esses anúncios, 119 são paulistas (52,42%). O Estado tem
21,66% da população do país.
No Brasil, foram 80 cidades a
receber publicidade em rádio
do programa habitacional (em
várias cidades, mais de uma
emissora foi atendida). Pertencem ao Estado de São Paulo 55
delas (68,75%).
No Estado, Dilma tem algumas de suas piores taxas de intenção de voto, variando de
11% a 14%, dependendo do cenário, segundo o Datafolha.
Segundo a Secom, o Estado é
o que está "mais preparado"
para projetos habitacionais e
por isso recebeu esse tratamento diferenciado.
Marcas
O ofício da Secom não informa quanto foi pago a cada veículo, só o gasto total de cada
programa no primeiro semestre. Os valores mostram como é
importante para o governo Lula investir nessas três "marcas".
Juntas, têm gasto previsto para
2009 de R$ 59,92 milhões, ou
um terço de toda a verba publicitária da Presidência para o
ano, de R$ 187,5 milhões.
A propaganda do PAC tem
custo no ano de R$ 33,2 milhões. Equivale a campanha de
ponta no mercado privado de
publicidade. Segundo estimativas da área, a verba para promover o sabão em pó Omo em
2009, por exemplo, é de cerca
de R$ 35 milhões. "É difícil dimensionar a verba do governo
em comparação com o mercado privado. O governo tem
obrigação de prestar contas de
suas ações e não tem concorrentes", diz o diretor de Marketing da ESPM (Escola Superior
de Propaganda e Marketing),
Emmanuel Publio Dias.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Governo prevê gastar 30% mais em propaganda Índice
|