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Coreia deu aulas de guerrilha a brasileiros, afirma ex-militante
Ex-integrante da VPR diz que treinamento feito perto da capital norte-coreana não foi colocado em prática
DA REPORTAGEM LOCAL
Integrantes brasileiros de
grupos armados de extrema-esquerda participaram em 1971
de um treinamento de guerrilha na Coreia do Norte para
combater a ditadura, segundo
ex-militantes do período.
O treinamento no país asiático, porém, não foi colocado em
prática no Brasil, uma vez que
uma de suas principais articuladoras, a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), estava
em processo de desintegração
quando o curso acabou. A informação foi publicada ontem no
jornal "O Estado de S. Paulo"
Irany Campos, 71 anos, diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais
de Ensino Superior de MG, diz
que foi um dos participantes do
treinamento. Segundo ele disse
à Folha, o grupo era formado
por 11 pessoas, a maioria militantes libertados após o sequestro do embaixador suíço
Giovanni Bucher.
O sindicalista afirma que os
brasileiros deixaram Santiago
no início de agosto de 1971 e
passaram por Cuba, Canadá,
Marrocos e União Soviética antes de chegar à Coreia do Norte. A viagem de ida e de volta do
grupo foi financiada por organizações brasileiras, enquanto
as despesas no território coreano foram pagas pelo governo
daquele país, disse Campos.
Os brasileiros foram alojados
em um acampamento localizado perto da capital coreana e a
barreira da língua foi superada
com a ajuda de um intérprete e
de três instrutores que tinham
noções de espanhol, afirma.
O treinamento teve duração
de quatro a cinco meses, segundo Campos. "Perdíamos a noção do tempo, porque ficamos
extremamente isolados", disse.
A rotina do curso incluía a preparação política e ideológica e
treinamentos militares, principalmente sobre armas poucos
conhecidas pelos brasileiros.
Após o curso, os brasileiros
retornaram ao Chile e alguns
deles participaram do combate
à ditadura instaurada após a
derrubada do socialista Salvador Allende naquele país.
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