São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 2002

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ELEIÇÕES 2002

Mas PPB anuncia que só hoje definirá posição em São Paulo após encontro com líderes do PSDB e do PT

Alckmin e Genoino já dão como certo apoio de Maluf no 2º turno

EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto a direção estadual do PPB anuncia que deve se encontrar hoje com as frentes de campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) e de José Genoino (PT), petistas e tucanos já dão como certo o apoio do partido de Paulo Maluf para a disputa do segundo turno ao governo de São Paulo.
Para os petistas, o cerco aos pepebistas já está fechado. Mas os interlocutores do governador tucano com o PPB dizem que o partido está com Alckmin e que Maluf se manterá "ausente", em um "apoio velado" no segundo turno.
"Ele [Maluf" me disse que qualquer que fosse o resultado [do primeiro turno" a frente antitucana seria mantida", disse Paulo Frateschi, presidente do PT paulista.
"Temos adesões fortes do PPB e acreditamos que o partido estará conosco", disse o deputado estadual Edson Aparecido, presidente do PSDB em São Paulo.
Os votos que Paulo Maluf teve no primeiro turno -21,38% dos válidos- podem decidir a eleição. A pesquisa Datafolha divulgada ontem, que mostra Alckmin oito pontos percentuais à frente de Genoino (50% a 42% das intenções de voto), foi um dos motivos alegados pelos pepebistas para agendar só para esta semana os encontros decisivos com ambos.
"Com a pesquisa em mãos, a nossa executiva poderá tratar melhor das negociações", disse Jesse Ribeiro, presidente estadual do PPB. A meta é ter uma definição até as 12h, já que às 10h ele toma café-da-manhã com um emissário do governador e, logo na sequência, conversa com o PT.
De acordo com o PPB, o que deverá definir para quem irá o apoio do partido, além de eventuais participações nos futuros governos, será a "aceitação" do partido e do malufismo. É justamente nesse ponto que o PT leva certa vantagem sobre o PSDB.
Ao contrário de Genoino, que se esquiva das perguntas sobre o PPB, Frateschi -responsável pelas negociações- disse que "não há nenhuma vergonha" em procurar o apoio dos pepebistas.
Do outro lado, por conta da intensa troca de acusações entre Maluf e Alckmin antes do primeiro turno, o PSDB avalia que poderia ser desastrosa uma aproximação pública com Paulo Maluf.
Por isso, os tucanos pedem ao PPB que Maluf se mantenha afastado. Em troca, oferecem plena visibilidade à legenda. "Nós vamos deixar claro e explicitar o apoio", afirmou Aparecido.
O PT também teme um desgaste ao aceitar Maluf, mas, com base em pesquisas internas, acha que, a exemplo do que aconteceu no âmbito nacional com a adesão do ex-presidente José Sarney (PMDB-MA) a Luiz Inácio Lula da Silva, o pepebista traria mais bônus à legenda do que ônus.
A favor de Alckmin pesa a vontade de Maluf de ser candidato à Prefeitura de São Paulo em 2004. O pepebista acha que o PT, que já comanda a capital, poderá se fortalecer demais com uma vitória de Genoino e outra de Lula e ser um adversário quase imbatível.
Se os comandos das duas campanhas trabalham intensamente nos bastidores, os dois candidatos mantém discursos cautelosos.
"Eu tenho declarado publicamente que quero o voto de todos os eleitores que votaram em outros candidatos, inclusive do Maluf", disse o tucano Alckmin.
"Eu quero os votos do Maluf, quero ganhar a eleição", afirmou o petista Genoino anteontem.
Uma das vias de assédio petista é utilizar o senador eleito Aloizio Mercadante (PT) para negociar diretamente com o deputado federal reeleito Delfim Netto (PPB), uma das principais vozes do partido e que na semana passada acenou com o voto a Luiz Inácio Lula da Silva, presidenciável petista.
Do lado tucano, a fonte de ligação com o PPB é o deputado federal Celso Russomano, que já declarou apoio a Alckmin.



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