São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 2002

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DATAFOLHA

Segundo entrevistados, economia ficaria um pouco melhor com presidenciável tucano do que com candidato petista

Para empresários, país cresce com Lula ou Serra

OSCAR PILAGALLO
EDITOR DO FOLHA SINAPSE

Os empresários acreditam que, com José Serra (PSDB) na Presidência da República, a economia ficaria um pouco melhor do que com Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com o tucano, a expectativa é que haveria mais crescimento e menos inflação no próximo ano.
Esse é o principal resultado de uma pesquisa de opinião realizada na quinta-feira passada pelo Datafolha com 154 empresários e executivos em São Paulo.
Os entrevistados não identificaram cenários substancialmente diferentes para a vitória de um ou outro candidato. Ganhando o tucano ou o petista -ambos defensores de projetos desenvolvimentistas-, a economia deve crescer mais no primeiro mandato do novo presidente do que no último ano de governo de Fernando Henrique Cardoso.
A expansão do PIB (Produto Interno Bruto), que este ano não deverá ficar longe de 1%, seria maior em 2003 com qualquer presidente. Com Serra, seria de 2,9%, na média das respostas; com Lula, ficaria em 2%.
Para os empresários, o tucano conseguiria obter esse resultado com menos inflação. O índice anual sob Serra ficaria em 10,3% em 2003, abaixo dos 14,8% no caso de Lula ser eleito (os números se referem à média das respostas).
Nos dois casos, a inflação ultrapassaria a deste ano e a meta acertada com o Fundo Monetário Internacional para 2003. Neste ano, o IPCA -índice que serve de referência para as metas do FMI- deverá fechar em torno de 8%. Quanto à meta para o próximo ano -que o governo atual já admitiu que não será atingida-, é de 4%, com margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.
A pesquisa reflete uma percepção comum entre empresários: muitos deles acham que Serra seria mais comprometido com a estabilização da economia do que Lula. Embora os dois tenham enfatizado a necessidade de se manter a inflação sob controle, Serra -como indica a pesquisa- convence mais o empresariado.
Os entrevistados não trabalham com a hipótese de um dólar barato, independentemente de quem vencer a eleição. A cotação da moeda norte-americana, que bateu em R$ 4 na semana passada, chagaria ao fim de 2003 com o valor médio de R$ 3,90, na hipótese de um governo Lula. Se Serra for presidente, a expectativa cai para R$ 3,40, na média das respostas.
Quanto aos juros, continuariam altos com Lula ou com Serra. Num governo petista, a taxa seria de 20,3% ao ano, na média das expectativas. Num governo tucano, ficaria em 18,6%. Hoje, a taxa básica do Banco Central é de 18%.
Quanto ao discurso a favor da indústria brasileira, quem convenceu mais o empresariado foi Lula. Para 87%, o petista vai privilegiar mais a indústria nacional (79% no caso de Serra).
A maioria não se mostra preocupada com eventuais choques na economia. Quase ninguém (1%) espera que haja rompimento de um governo Serra com o FMI. Mesmo com Lula, a maioria (79%) não prevê rompimento.
Uma moratória da dívida interna também não faz parte do horizonte da maioria: 97% não prevêem moratória, no caso de Serra ser presidente (79% no caso de Lula vencer).



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