São Paulo, sábado, 14 de outubro de 2006

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Servidor terá reajuste menor, afirma coordenador de Lula

"Vamos fazer uma política gradual de corte de gastos", diz Marco Aurélio Garcia

Chefe da campanha petista diz que aumentos serão "mais equilibrados", pois já não há necessidade de repor perdas do governo FHC


ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O coordenador da campanha do presidente Lula à reeleição, Marco Aurélio Garcia, afirmou ontem que, num eventual segundo mandato, haverá corte de gastos públicos e reajustes salariais menores para os servidores públicos. "Nós vamos ter cortes de gastos. É evidente que nós vamos ter. Vamos fazer uma política gradual de corte de gastos", disse Garcia, em entrevista no comitê de Lula. Em seguida, afirmou que esse corte poderia ser feito, por exemplo, por meio do controle do reajuste de salários do funcionalismo, ou seja, aumentos menores do que os do atual mandato.
"Fizemos alguns reajustes importantes que vão nos dar hoje uma situação mais equilibrada. Não precisaremos dar os pinotes que foram necessários para, entre outras coisas, atender à necessidade do nosso funcionalismo público", disse.
Neste ano houve a maior expansão de gastos com pessoal desde, pelo menos, 1996. O gasto com funcionalismo deve superar o do ano passado em 10%, em termos reais.
Garcia relacionou os aumentos concedidos no atual mandato à reposição de perdas ocorridas no governo Fernando Henrique Cardoso. "Foram feitos no curso desses três anos e meio para dar uma melhor qualidade e para recuperar, sobretudo, as perdas que o funcionalismo teve nos oito anos anteriores."
O coordenador disse que o corte de despesas do governo virá também da redução dos juros e de melhora dos gastos públicos. Apostou ainda que o PIB do país crescerá 5% no próximo ano.
Nesta semana, o tema ajuste fiscal provocou polêmica na campanha depois que o economista Yoshiaki Nakano, ligado a Geraldo Alckmin, defendeu um corte de gastos equivalente a 3% do PIB no próximo ano. Acabou atacado pelos petistas, que o acusaram de apoiar uma política recessiva.
"O Nakano falou alto o que eles todos estão pensando baixo para não trazer prejuízo para a campanha eleitoral", disse Garcia, que não citou percentual de corte que seria feito num eventual primeiro ano de um segundo mandato de Lula.
Ele fez questão de enfatizar, apenas, que a política de redução de despesas seria gradual. À noite, Garcia divulgou nota para esclarecer suas afirmações. No texto, ele diz que, depois de oitos anos de "arrocho salarial" no governo FHC, "Lula havia reposto em grande medida as perdas do período" tucano. Com isso, segundo ele, "a conclusão lógica é que, no futuro, os aumentos salariais -que continuarão- se darão em um ritmo normal, isentos de saltos que foram necessários para repor perdas passadas".
O controle do reajuste dos servidores já vem sendo estudado pela equipe que faz o programa do governo Lula. Um dos defensores da idéia é o economista Nelson Barbosa, secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda.


Colaboraram GUSTAVO PATU E LEANDRA PERES, da Sucursal de Brasília

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