São Paulo, sábado, 14 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Movimentos de esquerda falam em radicalização

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Engajados na campanha à reeleição de Lula, alguns dos principais movimentos sociais do país já alertam que uma derrota petista levará a uma inevitável radicalização, com mais greves, marchas e invasões.
Segundo algumas lideranças, os próximos quatro anos verão um estado de conflito permanente com um hipotético presidente Geraldo Alckmin: "Se houver uma vitória de Alckmin haverá uma agenda de mobilizações para resistir às mudanças que ele defende em seu programa de governo", diz Artur Henrique dos Santos, presidente da CUT. O temor é a retomada das privatizações e a retirada de direitos trabalhistas.
Desde o início do segundo turno, alguns lulistas vêm discutindo o que ocorreria na hipótese de derrota de seu candidato. Em entrevista à Folha, Ciro Gomes disse "temer" que haja uma reação violenta de grupos de pressão ligados ao PT. Um deputado petista que pede o anonimato disse que o país ficaria "ingovernável".
Para os adeptos de Alckmin, trata-se de chantagem para assustar o eleitorado. O fato é que os movimentos sociais prometem combate sem trégua. "Que haverá mais tensionamento numa eventual vitória do Alckmin, eu não tenho dúvida, principalmente se tentarem introduzir a privatização das universidades federais", afirma Gustavo Petta, presidente da União Nacional dos Estudantes.
Para Maria das Graças Xavier, uma das coordenadoras da Central de Movimentos Populares, os movimentos de moradia vão às ruas defender o Ministério das Cidades, criado por Lula. Alckmin já se comprometeu a cortar o número de pastas: "Uma coisa é fazer manifestação num governo popular. Outra muito diferente é ir pra rua no governo de um partido acostumado a soltar os cachorros e a polícia. Pode criar uma situação trágica", disse.
O uso do "fantasma" Alckmin surtiu efeito. O MST, que mantinha-se frio com relação à candidatura petista, desceu do muro: "Uma vitória de Alckmin seria uma derrota gravíssima para o povo brasileiro", disse.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Pernambuco: Valeu a pena enfrentar a polícia, diz Lula a sem-terra
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.