São Paulo, sábado, 14 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ

Petistas ligaram para órgãos federais, diz PF

Acusados no caso telefonaram para Presidência e BB; para polícia, contatos são previsíveis, já que citados trabalhavam nas instituições

Justiça recebe pedido de quebra de quase cem sigilos telefônicos; total vai a 750, desde início de apuração, que faz um mês amanhã


ANDRÉA MICHAEL
ENVIADA ESPECIAL A CUIABÁ

As investigações da Polícia Federal revelam que os envolvidos do PT na negociação para comprar um dossiê contra políticos tucanos fizeram contato telefônico com o PT e com pelo menos dez órgãos e instituições públicas, entre os quais a Presidência da República, o Ministério da Integração Nacional e o Banco do Brasil.
A PF não forneceu mais detalhes das investigações que analisam os sigilos telefônicos quebrados com autorização judicial. Tais contatos entre os envolvidos e os órgãos, segundo investigadores, eram previsíveis, já que a maioria dos envolvidos é filiada ao PT e parte deles estava ou ainda está lotada em órgãos do governo.
Alvo da investigação, Freud Godoy era assessor da Presidência. Expedito Veloso, funcionário de carreira do Banco do Brasil, respondia por uma diretoria da estatal. Ambos deixaram os cargos após terem seus nomes envolvidos na negociação do dossiê suspeito.
A PF pediu ontem à Justiça a quebra de sigilo telefônico de cerca de cem novos números que surgiram em ligações feitas ou recebidas pelo grupo de pessoas que participaram da negociação para comprar o dossiê. Com o pedido, chega a 750 o total de sigilos telefônicos quebrados ao longo da apuração, que completa um mês amanhã.
Até quarta-feira, a PF pedirá à Justiça a prorrogação, por pelo menos mais 30 dias, do prazo para investigar os responsáveis pela negociação dos papéis e pela coleta do dinheiro.
Ontem, a PF realizou diligências em São Paulo em corretoras e casas de câmbio por meio das quais foram negociados dólares que fazem parte de um lote de US$ 15 milhões, do qual também saíram cédulas que seriam utilizadas para comprar o dossiê. A expectativa dos policiais é contar com a colaboração das casas de câmbio e corretoras para chegar aos nomes de quem teria sacado o valor.
Nesta segunda, a PF ouvirá o empresário de Piracicaba Abel Pereira. Em entrevista à "IstoÉ", os Vedoin disseram que, em 2002, ele intermediava a liberação de emendas no Ministério da Saúde, apesar de não ter cargo no órgão. A pasta era chefiada por Barjas Negri, hoje prefeito de Piracicaba.
Segundo depoimentos do inquérito no qual a PF apura o caso do dossiê, Abel também teria tentado comprar os papéis, para evitar eventuais prejuízos à candidatura de José Serra.
Na terça, está previsto o depoimento de Ricardo Berzoini (PT-SP) à PF. Na lista dos futuros depoentes está o senador Aloizio Mercadante (PT-SP). A data ainda não foi definida, pois a PF busca obter dados mais contundentes sobre eventual participação de Mercadante.


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