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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
Petistas ligaram para órgãos federais, diz PF
Acusados no caso telefonaram para Presidência e BB; para polícia, contatos são previsíveis, já que citados trabalhavam nas instituições
Justiça recebe pedido de quebra de quase cem sigilos telefônicos; total vai a 750, desde início de apuração, que faz um mês amanhã
ANDRÉA MICHAEL
ENVIADA ESPECIAL A CUIABÁ
As investigações da Polícia
Federal revelam que os envolvidos do PT na negociação para
comprar um dossiê contra políticos tucanos fizeram contato
telefônico com o PT e com pelo
menos dez órgãos e instituições
públicas, entre os quais a Presidência da República, o Ministério da Integração Nacional e o
Banco do Brasil.
A PF não forneceu mais detalhes das investigações que analisam os sigilos telefônicos quebrados com autorização judicial. Tais contatos entre os envolvidos e os órgãos, segundo
investigadores, eram previsíveis, já que a maioria dos envolvidos é filiada ao PT e parte deles estava ou ainda está lotada
em órgãos do governo.
Alvo da investigação, Freud
Godoy era assessor da Presidência. Expedito Veloso, funcionário de carreira do Banco
do Brasil, respondia por uma
diretoria da estatal. Ambos deixaram os cargos após terem
seus nomes envolvidos na negociação do dossiê suspeito.
A PF pediu ontem à Justiça a
quebra de sigilo telefônico de
cerca de cem novos números
que surgiram em ligações feitas
ou recebidas pelo grupo de pessoas que participaram da negociação para comprar o dossiê.
Com o pedido, chega a 750 o total de sigilos telefônicos quebrados ao longo da apuração,
que completa um mês amanhã.
Até quarta-feira, a PF pedirá
à Justiça a prorrogação, por pelo menos mais 30 dias, do prazo
para investigar os responsáveis
pela negociação dos papéis e
pela coleta do dinheiro.
Ontem, a PF realizou diligências em São Paulo em corretoras e casas de câmbio por meio
das quais foram negociados dólares que fazem parte de um lote de US$ 15 milhões, do qual
também saíram cédulas que seriam utilizadas para comprar o
dossiê. A expectativa dos policiais é contar com a colaboração das casas de câmbio e corretoras para chegar aos nomes
de quem teria sacado o valor.
Nesta segunda, a PF ouvirá o
empresário de Piracicaba Abel
Pereira. Em entrevista à "IstoÉ", os Vedoin disseram que,
em 2002, ele intermediava a liberação de emendas no Ministério da Saúde, apesar de não
ter cargo no órgão. A pasta era
chefiada por Barjas Negri, hoje
prefeito de Piracicaba.
Segundo depoimentos do inquérito no qual a PF apura o caso do dossiê, Abel também teria
tentado comprar os papéis, para evitar eventuais prejuízos à
candidatura de José Serra.
Na terça, está previsto o depoimento de Ricardo Berzoini
(PT-SP) à PF. Na lista dos futuros depoentes está o senador
Aloizio Mercadante (PT-SP). A
data ainda não foi definida, pois
a PF busca obter dados mais
contundentes sobre eventual
participação de Mercadante.
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