|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO
SABATINA FOLHA
MARTA SUPLICY
Marta diz que ignorava, mas aprova anúncio contra Kassab
Petista atribui ao marqueteiro João Santana a decisão de veicular a propaganda
Rogério Cassimiro/Folha Imagem
|
|
A candidata do PT à Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, é sabatinada por jornalistas da Folha, pela platéia e por internautas
A CANDIDATA do PT à Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, 63, defendeu ontem em
sabatina realizada pela Folha a peça de
sua propaganda eleitoral que aborda temas da vida privada de seu adversário, o prefeito
Gilberto Kassab (DEM). Apesar disso, afirmou que
não ficou sabendo com antecedência do comercial e
que a responsabilidade por seus programas é do
marqueteiro João Santana. "Acho importante que
as pessoas conheçam todo esse DNA do Gilberto
Kassab", afirmou ela sobre a propaganda que pergunta ao eleitor, entre outras coisas, se ele sabe se
Kassab é casado ou tem filhos. Marta respondeu a
questões da platéia, de internautas e dos jornalistas
Ricardo Melo (secretário-assistente de Redação),
Vera Guimarães Martins (secretária-assistente de
Redação), Fernando de Barros e Silva (editor do caderno Brasil) e Gilberto Dimenstein (colunista).
EM SÃO PAULO
DA REPORTAGEM LOCAL
Embora irritada ao relatar
casos de invasão de sua privacidade, Marta Suplicy insistiu na
tese de que a informação sobre
o estado civil de seu rival é relevante para o eleitor.
"É tudo político [saber se o
candidato é casado ou tem filhos]. É político, gente. A vida é
política", disse Marta. O assunto foi tema de quase um terço
da sabatina, que teve a duração
de uma hora e meia.
"Quando você tem candidato
a um cargo de tão grande responsabilidade, é importante
saber da trajetória e da biografia. Tenho uma vida absolutamente transparente, as pessoas
sabem de onde vim, o que fiz, o
que faço, e acho importante
que as pessoas conheçam todo
esse DNA do Gilberto Kassab",
disse Marta.
A ex-prefeita (ela comandou
a cidade entre 2001 e 2004) negou que a pergunta de sua propaganda tivesse intenções
ocultas. "Acho muito importante saber a trajetória, o DNA
de uma candidatura, e a biografia do candidato. Não de forma
sexista, como vocês fazem comigo", afirmou ela.
Questionada se não considerava que houve insinuação de
homossexualismo na propaganda, respondeu que não, e
devolveu: "Por quê? Você
acha?" Ao ouvir o argumento
de que quem pôs a propaganda
no ar foi a campanha dela, disse: "Foi uma pergunta como
qualquer outra".
Marta também negou preconceito: "Talvez seja a pessoa
que na última década foi mais
perseguida com preconceito.
Sou contra preconceito, da minha boca vocês não vão escutar
nenhum preconceito. (...) Acho
que estão interpretando além
da conta", afirmou, justificando
a propaganda: "É um direito, é
o mínimo que a gente tem de
saber. (...) Vocês perguntam até
o que a pessoa come, aí não pode fazer pergunta se é casado?"
Apesar de defendê-la, a petista assegurou que não sabia da
existência da peça nem viu sua
veiculação. Tomou ciência, diz,
por relato de terceiros.
"A condução da campanha de
televisão o marqueteiro faz, isso não compete a mim. (...) A
decisão está na mão do marqueteiro, como o Kassab disse
que a dele também [estaria na
mão do marqueteiro]. Se você
quiser saber o que achei, eu não
vi, não li. As pessoas me contaram, eu li, soube, não vi a campanha", afirmou.
Questionada por uma pessoa
da platéia se também não assumirá atos de secretários, caso
seja eleita, a candidata respondeu que, nessa situação, a responsabilidade seria dela.
Kassab-Pitta
Segundo linha traçada por
sua campanha para o segundo
turno, Marta novamente explorou o fato de Kassab ter sido
secretário de Planejamento de
Celso Pitta (1996-2000) e ter
apoiado Paulo Maluf (PP).
"Se você for hoje aos bares, tá
todo mundo de olhos abertos,
esbugalhados: "Como, ele era
do Pitta nesse nível?" As pessoas não tinham essa percepção, não sabiam disso."
A tentativa petista é colar em
Kassab o rótulo de representante do atraso.
"O que determina o caráter
de uma pessoa é o que ela escolhe. O Kassab disse que na ditadura era criança. Ele já tinha 20
anos [nos anos 80]. Aí poderia
ter escolhido qualquer partido,
mas escolheu o PFL [hoje
DEM]. Por que será que ele escolheu o PFL? O PFL tem uma
história. É o partido dos coronéis do Nordeste, do atraso, é o
partido que está em extinção",
afirmou, dizendo que São Paulo
não pode, agora, dar um "respiro" à legenda.
Ao acusar o adversário de
tentar se "fantasiar" de tucano,
Marta Suplicy afirmou que a vitória do democrata no próximo
dia 26 representaria uma nova
"eleição" de Celso Pitta.
"Você tem a maior capital do
país, a maior cidade da América
Latina, a quarta cidade do mundo, e nós estamos quase cometendo o erro que cometemos
com o Pitta há 12 anos", disse,
acrescentando: "A população
não conhece Kassab. É o atraso.
Além de ser o atraso, é o desconhecido, isso é o mais sério.
Porque Pitta foi eleito justamente assim".
Assim como no debate e em
sua propaganda de ontem na
TV, Marta afirmou que Kassab
foi "o líder do movimento "reage Pitta'", na ocasião em que o
ex-prefeito estava ameaçado de
impeachment.
No final, a petista fez uma
análise segundo a qual parte da
população da cidade nutriria
uma confiança errada no governador José Serra (PSDB), de
quem Kassab herdou a prefeitura em 2006.
"O Serra vai querer ser candidato a presidente e vai embora
[do Estado]. Quem eleger Kassab vai estar dando um cheque
em branco para quem não conhece. Ele [Kassab] vai administrar com o voto dele, porque
agora administra com o voto do
outro [Serra]. Vai ter autonomia e vai ser como eu disse no
debate: de um lado, vamos ter
um prefeito real, do outro, o
prefeito da propaganda", afirmou a candidata.
(RANIER BRAGON, ANA FLOR, FLÁVIO FERREIRA E AFONSO BENITES)
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Frases Índice
|