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Marta promete devolver taxa do lixo; medida é de difícil aplicação
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Marta Suplicy prometeu devolver valores da taxa do lixo já
pagos pelos contribuintes na
sabatina da Folha. Anteontem,
na Band, ela já havia dito que
iria deixar de cobrar quem ainda não quitou o tributo.
Porém, a restituição dificilmente sairá do papel caso a petista seja eleita, segundo especialistas. Para alguns dos juristas consultados, a devolução
seria até mesmo ilegal.
Instituída pela administração Marta (2001-2004) e cobrada de 2003 a 2005, a taxa do
lixo não chegou a ser declarada
como irregular pela Justiça.
Ontem, a candidata começou
a abordar o assunto atacando a
atual gestão. "Lembro aqui que
eles prometeram acabar com a
taxa do lixo na campanha e não
terminaram em 2005, só terminaram em 2006. Nesta semana a prefeitura enviou, para
700 mil usuários, a cobrança da
taxa de lixo de 2005, na véspera
da eleição", disse.
Segundo a prefeitura, Marta
superestimou o número de cobranças na Justiça. A pasta diz
que o número de acionados é
de 116 mil contribuintes.
Em seguida, Marta prometeu os benefícios. "Se eleita,
vou anistiar todas as contas pagas em 2005 e ressarcir quem
já pagou, porque já havia um
compromisso de campanha [da
chapa Serra/Kassab, em 2004]
e as pessoas não pagaram porque acharam que não tinham
que pagar", afirmou.
A administração da capital já
arrecadou R$ 736 milhões com
a taxa, quantia que corresponde a cerca de 30% do valor de
investimento em obras da prefeitura, segundo a Secretaria
Municipal de Negócios Jurídicos. Para se ter uma idéia do
que a saída do recurso representaria, o hospital do M" Boi
Mirim custou cerca de R$ 110
milhões, diz a pasta.
A secretaria afirma que, para
promover o ressarcimento, a
petista teria que indicar qual
área da gestão seria privada dos
recursos, para não violar a Lei
de Responsabilidade Fiscal.
Além da dificuldade técnica,
a restituição não poderia ocorrer por meio de uma medida
administrativa, mas teria que
ser prevista em uma lei aprovada pela Câmara Municipal.
Segundo o professor de direito administrativo da PUC-SP
Maurício Zockun, a restituição
configuraria uma "inconstitucionalidade gritante". Ele diz
que as gestões "não podem entregar quantias aos contribuintes a fundo perdido e sem que
haja interesse público".
Na sabatina, Marta também
disse que beneficiou as igrejas.
"Quando fui prefeita isentei todas as igrejas. Eu os isentei de
IPTU", afirmou. Porém, segundo Walter Cardoso, da Comissão de Assuntos Tributários da
OAB-SP, a obrigação de desonerar igrejas de tributos já estava prevista na Constituição, e
por isso a adoção da medida
não estava sujeita ao poder discricionário da ex-prefeita.
Ontem a petista também voltou a inflar os números sobre
corredores de ônibus criados
na gestão dela. A candidata disse que fez dez vias exclusivas
para coletivos, mas, segundo a
prefeitura, ela construiu cinco.
Para a campanha de Marta, intervenções significativas em
corredores já existentes também são construções.
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