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CONTAS DA REELEIÇÃO
Anexo da principal planilha secreta demonstra que na véspera da eleição eram esperadas mais doações no caixa extra-oficial
Tabela sugere mais R$ 9,5 mi paralelos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um anexo da principal planilha
secreta com a contabilidade da
campanha da reeleição de FHC
sugere que, no dia 30 de setembro
de 1998, o comitê financeiro ainda
pretendia arrecadar mais R$ 9,5
milhões no caixa-dois.
Ao todo, somando-se contribuições oficiais e arrecadação paralela, a campanha presidencial
custou R$ 75,2 milhões, de acordo
com o documento, incluído nos
arquivos obtidos pelo Ministério
Público.
Esse anexo apresenta uma tabela com a contabilidade paralela do
comitê. Como "promessas", na
coluna "B", estão inscritos R$ 9,5
milhões. Até aquela data, R$ 13,7
milhões haviam sido registrados
como "recebidos" no caixa-dois,
segundo o documento.
A cifra é muito próxima do que
a Folha informou em sua edição
de domingo. Num cálculo conservador, a reportagem apontou,
com base na planilha principal, a
existência de um caixa-dois de R$
10,120 milhões.
A conta deixou de fora outros
R$ 4,726 milhões, que foram registrados na Justiça Eleitoral, mas
com valores menores dos que
constam do documento eletrônico sigiloso.
Somando-se os dois valores,
chega-se a R$ 14,846 milhões,
pouco acima dos R$ 13,7 milhões
informados na tabela.
A correlação entre os dados que
constam desse resumo contábil e
os divulgados pelo próprio comitê, há dois anos, é forte.
Como gastos registrados na coluna "A", o total é de R$ 43,6 milhões, resultado de pagamentos,
compromissos futuros e outras
despesas.
O valor é próximo dos R$ 43,022
milhões informados pelo comitê
financeiro ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Até o dia 30 de setembro, quatro
dias antes da eleição, o conjunto
de receitas da coluna "A", que trata do caixa oficial, somava um déficit de R$ 9,2 milhões.
Os arrecadadores da campanha
também conseguiram R$ 8,2 milhões após o pleito. Ainda que essa arrecadação seja proibida pela
lei eleitoral, isso teria ajudado a
reduzir o déficit.
Ao TSE, o comitê financeiro informou que a campanha da reeleição deixou dívida de R$ 3,189
milhões, que foi transferida para o
PSDB, partido do presidente.
Despesas
A tabela que resume a contabilidade do comitê pela reeleição de
FHC até o dia 30 de setembro
também sugere que a campanha
realizou despesas no caixa-dois.
Pagou e prometeu pagar por serviços sem nota fiscal. Ao todo, eles
somavam R$ 31,6 milhões.
Até o dia 30 de setembro, os pagamentos já efetuados com recursos do caixa-dois, que somavam
R$ 13,7 milhões, eram idênticos às
receitas então obtidas também na
contabilidade paralela.
Tanto a coluna "A" como a "B"
dessa tabela indicam que a campanha foi deficitária. De acordo
com os números oficiais, a dívida
seria de R$ 9,2 milhões, até aquela
data.
Considerando as contas paralelas, o rombo seria maior, somando outros R$ 8,4 milhões.
O contador -que, segundo o
arquivo eletrônico, é o ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira, tesoureiro da campanha de FHC-
aponta uma "redução possível"
de R$ 4 milhões nas despesas. Não
indica, porém, a procedência desses recursos.
A expectativa de contabilizar
novas contribuições também incentivou o autor da tabela a indicar um "déficit otimista" para a
campanha, de R$ 13,6 milhões.
A "redução possível", indicada
em 30 de setembro, representa a
metade dos R$ 8,2 milhões que foram arrecadados fora do prazo.
Oficialmente, o prazo para a captação de recursos expira no dia da
eleição -portanto, em 4 de outubro de 1998.
(ANDRÉA MICHAEL e WLADIMIR GRAMACHO)
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