São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 2000

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Presidente evita dar declarações

WILSON SILVEIRA
ENVIADO ESPECIAL A FOZ DO IGUAÇU

O presidente Fernando Henrique Cardoso evitou o máximo possível qualquer contato com a imprensa durante rápida visita que fez ontem de manhã à usina hidrelétrica Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu (PR).
Os jornalistas foram proibidos de se aproximar do presidente e não conseguiram sequer dirigir perguntas a ele, tamanha era a distância entre o local onde foram obrigados a ficar e o local onde o presidente permaneceu a maior parte do tempo.
Ao final de cerimônia, da qual participou também o presidente do Paraguai, Luis Ángel Gonzáles Macchi, o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Euclides Scalco, negou a existência de um caixa-dois na campanha de reeleição de FHC, revelado por disquete de computador em poder do Ministério Público e divulgado pela Folha no último domingo.
Scalco foi coordenador político da campanha, em 98, e disse que "essas coisas nunca passaram por lá". Questionado se a revelação da existência do caixa-dois desmoralizava o governo, ele disse que a explicação dada pelo tesoureiro da campanha, Luiz Carlos Bresser Pereira, era "suficientemente razoável". "Passei todo o período da campanha coordenando politicamente o comitê e nunca tinha visto isso, nunca tomei conhecimento disso, nunca circularam pelo comitê esses empresários", disse ele, sem especificar quais empresários.
Questionado sobre a investigação das contas da campanha, ele disse que "isso é problema do Ministério Público". Ele negou que haja risco de desgaste para o governo, afirmando que "Bresser deu as explicações que julgou convenientes" e que o episódio "está suficientemente esclarecido". Scalco também afirmou que não discutiu o assunto com FHC.

Discurso
O presidente ignorou completamente o assunto em seu discurso, evitando até mesmo referências indiretas, como costuma fazer em ocasiões desse tipo.
FHC e Macchi participaram de solenidade de assinatura do contrato entre Itaipu e o consórcio Ceitaipu, vencedor de licitação pública internacional para montagem e instalação de duas unidades de geração de energia que aumentarão a capacidade instalada da usina dos atuais 12,6 mil megawatts para 14 mil megawatts em 2003.
"É impossível deixar de sentir um calafrio de entusiasmo. Isto é uma verdadeira catedral moderna", afirmou FHC, referindo-se à usina. O presidente afirmou que estava lá para "dar impulso ao crescimento econômico, e não se pode pensar em crescimento sem energia".


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