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Presidente evita dar declarações
WILSON SILVEIRA
ENVIADO ESPECIAL A FOZ DO IGUAÇU
O presidente Fernando Henrique Cardoso evitou o máximo
possível qualquer contato com a
imprensa durante rápida visita
que fez ontem de manhã à usina
hidrelétrica Itaipu Binacional, em
Foz do Iguaçu (PR).
Os jornalistas foram proibidos
de se aproximar do presidente e
não conseguiram sequer dirigir
perguntas a ele, tamanha era a
distância entre o local onde foram
obrigados a ficar e o local onde o
presidente permaneceu a maior
parte do tempo.
Ao final de cerimônia, da qual
participou também o presidente
do Paraguai, Luis Ángel Gonzáles
Macchi, o diretor-geral brasileiro
de Itaipu, Euclides Scalco, negou a
existência de um caixa-dois na
campanha de reeleição de FHC,
revelado por disquete de computador em poder do Ministério Público e divulgado pela Folha no
último domingo.
Scalco foi coordenador político
da campanha, em 98, e disse que
"essas coisas nunca passaram por
lá". Questionado se a revelação da
existência do caixa-dois desmoralizava o governo, ele disse que a
explicação dada pelo tesoureiro
da campanha, Luiz Carlos Bresser
Pereira, era "suficientemente razoável". "Passei todo o período da
campanha coordenando politicamente o comitê e nunca tinha visto isso, nunca tomei conhecimento disso, nunca circularam pelo
comitê esses empresários", disse
ele, sem especificar quais empresários.
Questionado sobre a investigação das contas da campanha, ele
disse que "isso é problema do Ministério Público". Ele negou que
haja risco de desgaste para o governo, afirmando que "Bresser
deu as explicações que julgou
convenientes" e que o episódio
"está suficientemente esclarecido". Scalco também afirmou que
não discutiu o assunto com FHC.
Discurso
O presidente ignorou completamente o assunto em seu discurso,
evitando até mesmo referências
indiretas, como costuma fazer em
ocasiões desse tipo.
FHC e Macchi participaram de
solenidade de assinatura do contrato entre Itaipu e o consórcio
Ceitaipu, vencedor de licitação
pública internacional para montagem e instalação de duas unidades de geração de energia que aumentarão a capacidade instalada
da usina dos atuais 12,6 mil megawatts para 14 mil megawatts em
2003.
"É impossível deixar de sentir
um calafrio de entusiasmo. Isto é
uma verdadeira catedral moderna", afirmou FHC, referindo-se à
usina. O presidente afirmou que
estava lá para "dar impulso ao
crescimento econômico, e não se
pode pensar em crescimento sem
energia".
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