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SÃO PAULO
Prefeita pede ao BID, em Washington, que financiamentos tenham destino diferente do acertado por Celso Pitta
Marta quer renegociar verba do exterior
THOMAS TRAUMANN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
A prefeita eleita de São Paulo,
Marta Suplicy (PT), iniciou conversas para mudar a destinação
de empréstimos feitos nos últimos oito anos pelo BID (Banco
Interamericano de Desenvolvimento). Segundo informou a assessoria do BID, o valor que poderia ser remanejado gira em torno
de US$ 20 milhões (cerca de R$ 38
milhões).
Anteontem, Marta jantou com
o presidente do BID, Enrique Iglesias, na residência da embaixada
brasileira em Washington.
"Foi uma conversa inicial, e nada ficou resolvido. Existem 30%
de recursos do BID que não foram
empregados (pela prefeitura) e
esse dinheiro poderia ser remanejado, mas ainda depende de estudos", disse a prefeita eleita.
Marta citou como exemplo de
possível transferência verbas contratadas pela gestão Maluf para o
projeto habitacional Cingapura,
que poderiam ser usadas em projetos de legalização de loteamentos clandestinos.
Os empréstimos do BID são conhecidos no mercado como "dinheiro carimbado", isto é, o devedor só pode usá-lo segundo o
contrato de financiamento.
O banco, porém, pode aceitar
sugestões do devedor de transferência do destino final de utilização da verba.
Iglesias disse que o BID tem "toda a boa vontade com São Paulo".
Questionado sobre como essa
boa vontade seria concretizada
diante dos problemas financeiros
da prefeitura, ele respondeu: "somos parceiros da história do Brasil, não de poucos anos".
Iglesias disse que o jantar com a
prefeita eleita foi um contato inicial e que o assunto será discutido
entre assessores de ambos.
O economista Jorge Mattoso,
indicado por Marta para ser o seu
futuro secretário de Assuntos Internacionais, ficou encarregado
de conduzir as próximas conversas com o banco.
Em função da renegociação da
dívida do município, a Prefeitura
de São Paulo está impedida de obter novos financiamentos.
Hoje e amanhã, Marta e Mattoso se reúnem com técnicos do
Bird (Banco Mundial), também
em Washington. Os contatos foram intermediados pela ex-ministra e hoje consultora do banco
Cláudia Costin.
Nas conversas com o Bird, a
prefeita eleita vai enfrentar uma
dificuldade extra: por princípio, o
banco não faz empréstimos diretamente a prefeituras.
O banco poderia negociar se o
governo federal ou o estadual se
responsabilizarem pelo financiamento, o que dependeria de conversas com o presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador Mário Covas.
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