São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 2000

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SÃO PAULO
Prefeita pede ao BID, em Washington, que financiamentos tenham destino diferente do acertado por Celso Pitta
Marta quer renegociar verba do exterior

THOMAS TRAUMANN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

A prefeita eleita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), iniciou conversas para mudar a destinação de empréstimos feitos nos últimos oito anos pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Segundo informou a assessoria do BID, o valor que poderia ser remanejado gira em torno de US$ 20 milhões (cerca de R$ 38 milhões).
Anteontem, Marta jantou com o presidente do BID, Enrique Iglesias, na residência da embaixada brasileira em Washington.
"Foi uma conversa inicial, e nada ficou resolvido. Existem 30% de recursos do BID que não foram empregados (pela prefeitura) e esse dinheiro poderia ser remanejado, mas ainda depende de estudos", disse a prefeita eleita.
Marta citou como exemplo de possível transferência verbas contratadas pela gestão Maluf para o projeto habitacional Cingapura, que poderiam ser usadas em projetos de legalização de loteamentos clandestinos.
Os empréstimos do BID são conhecidos no mercado como "dinheiro carimbado", isto é, o devedor só pode usá-lo segundo o contrato de financiamento.
O banco, porém, pode aceitar sugestões do devedor de transferência do destino final de utilização da verba.
Iglesias disse que o BID tem "toda a boa vontade com São Paulo".
Questionado sobre como essa boa vontade seria concretizada diante dos problemas financeiros da prefeitura, ele respondeu: "somos parceiros da história do Brasil, não de poucos anos".
Iglesias disse que o jantar com a prefeita eleita foi um contato inicial e que o assunto será discutido entre assessores de ambos.
O economista Jorge Mattoso, indicado por Marta para ser o seu futuro secretário de Assuntos Internacionais, ficou encarregado de conduzir as próximas conversas com o banco.
Em função da renegociação da dívida do município, a Prefeitura de São Paulo está impedida de obter novos financiamentos.
Hoje e amanhã, Marta e Mattoso se reúnem com técnicos do Bird (Banco Mundial), também em Washington. Os contatos foram intermediados pela ex-ministra e hoje consultora do banco Cláudia Costin.
Nas conversas com o Bird, a prefeita eleita vai enfrentar uma dificuldade extra: por princípio, o banco não faz empréstimos diretamente a prefeituras.
O banco poderia negociar se o governo federal ou o estadual se responsabilizarem pelo financiamento, o que dependeria de conversas com o presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador Mário Covas.


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