|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Especialista defende benefícios em dinheiro
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
Considerado um dos maiores
especialistas do mundo em medição da pobreza, o professor Peter
Towsend, da London School of
Economics, criticou ontem no
Rio a distribuição de cupons aos
pobres, para serem trocados por
comida, e defendeu a distribuição
de benefícios em dinheiro.
"Não acho que os ricos, se tivessem tempos difíceis, gostariam de
receber comida. Defendo métodos universais para a elevação da
renda", afirmou Towsend, questionado sobre o programa Fome
Zero, proposto pela equipe do
presidente eleito, Luiz Inácio Lula
da Silva (PT), que prevê a troca de
cupons por alimentos.
Para Towsend, a distribuição de
benefícios em dinheiro é mais eficiente para quem distribui e mais
digna para quem recebe.
Towsend, 74, veio como consultor à reunião do Grupo do Rio,
formado por especialistas em medição de pobreza. Presidido pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o grupo é ligado à Comissão de Estatística das
Nações Unidas e vai elaborar um
compêndio listando as melhores
metodologias em uso.
Ele criticou as políticas do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, com ênfase na
globalização. Ele disse que o Banco Mundial deve rever políticas,
que não têm conseguido reduzir a
pobreza. Os especialistas querem
chegar a um padrão internacional
de medição da pobreza.
Nos EUA, por exemplo, são
contabilizadas entre os 12% de
pobres famílias com renda anual
inferior a US$ 18 mil, para sustentar quatro pessoas. A realidade
americana significaria no Brasil
uma renda mensal de R$ 5.400
numa família de quatro pessoas.
A idéia é analisar, além da renda, o acesso à água, habitação, saneamento e educação.
A estimativa mais usada é a do
Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que calcula em
33,6% o percentual de pobres
-56,7 milhões. Desses, 24,7 milhões (14,6% da população) não
conseguiriam ingerir diariamente
as calorias necessárias.
Texto Anterior: Transição: FHC diz que Lula deve seguir o FMI e critica "Fome Zero" Próximo Texto: Presidente defende "novo contrato internacional" Índice
|