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TRANSIÇÃO
Se FHC não aceitar prorrogar mandato, presidente do Senado, Ramez Tebet, poderia assumir cargo até dia 6 de janeiro
Lula ainda tenta adiar posse para ter a presença de Fidel
ANDRÉA MICHAEL
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente nacional do PT,
deputado José Dirceu (SP), e o
presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), procuram uma
fórmula para adiar a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da
Silva, para o dia 6 de janeiro. Estão
em estudos duas alternativas: a
prorrogação do mandato de Fernando Henrique Cardoso por seis
dias ou a posse do presidente do
Senado nesse período.
Existe uma questão pessoal do
presidente eleito em toda a discussão sobre a adiar a posse e ter,
no dia 6 de janeiro, um número
maior de autoridades estrangeiras. Lula faz questão da presença
de Fidel Castro, ditador cubano.
Mas Fidel disse que não pode deixar a ilha no dia 1º de janeiro, que
para os cubanos é muito mais que
a virada de mais um ano.
Na data, eles, Fidel à frente, celebram a tomada de Havana, em
1959, depois da guerra de guerrilhas na Sierra Maestra.
O primeiro-secretário do Senado, Carlos Wilson (PTB-PE), disse ontem a Dirceu que não é necessária a aprovação de emenda
constitucional prorrogando por
seis dias o mandato de FHC. Segundo ele, o presidente eleito tem
até 10 dias para dizer quando quer
assumir. Nesse período, assumiria o presidente do Senado. FHC
tem dito que não quer ter o mandato prorrogado.
Tebet cobrou ontem de Lula e
dos líderes partidários no Congresso uma definição sobre a mudança ou não da data da posse do
presidente da República. Ele é favorável à transferência da posse
para o dia 6 para que seja prestigiada por mais representações estrangeiras. "Não podemos perder
a oportunidade de fazer uma
grande posse. Estou sendo assediado por todo mundo. A esta altura, até as representações estrangeiras estão em dúvida", disse.
Quanto à resistência de FHC, ele
disse: "Se ele não quiser ficar no
cargo, não fica. Se for tão importante para ele não prorrogar, sempre existe a sucessão normal, que
acontece quando ele viaja".
Pelas disposições constitucionais, na ausência do presidente
-o que valeria para o período de
dez dias-, o cargo deve ser assumido pelo vice, pelos presidentes
da Câmara, Aécio Neves, do Congresso, Tebet, e do Supremo Tribunal Federal- nessa ordem.
Como o mandato do vice, Marco Maciel, acaba junto com o de
FHC, e Aécio se elegeu governador de Minas e deve tomar posse
no dia 1º de janeiro, Tebet poderia
assumir por alguns dias a Presidência, ficando responsável por
passar a faixa presidencial a Lula.
Lula e FHC podem conversar
sobre a data da posse no próximo
final de semana, para quando se
espera um encontro entre o casal
Cardoso e o casal Lula da Silva,
em Brasília, onde o petista estará
conhecendo a granja do Torto
com a mulher, Marisa Letícia.
A comissão especial responsável pela mudança da data da posse
do novo presidente e dos novos
governadores aprovou ontem, na
Câmara, medidas para garantir a
legalidade do projeto.
Os deputados irão convocar,
para o dia 20, representantes da
equipe de transição do atual e do
novo governo -Pedro Parente e
Antônio Palocci Filho, respectivamente- e três governadores eleitos: Aécio Neves (Minas Gerais),
Roberto Requião (Paraná) e Zeca
do PT (Mato Grosso do Sul).
O objetivo é promover uma
consulta para que a posse seja feita no dia 5 para os governadores e
no dia 6 para o presidente.
A comissão irá solicitar ainda ao
advogado constitucionalista e ex-secretário da Segurança Pública
de São Paulo, José Affonso da Silva, um parecer sobre a constitucionalidade da mudança.
Ontem, durante a reunião da
comissão, o ex-ministro da Justiça Aloysio Nunes Ferreira disse
que o ato de "impor" a FHC a permanência por mais seis dias, apesar de ele ter se manifestado contrário, é uma "falta de respeito".
Para Aécio Neves, que defende a
mudança de data da solenidade
da posse, FHC irá aceitar a alteração. "O presidente é, dentre todos
os brasileiros, tido como um
grande democrata. E os democratas aceitam e respeitam as decisões tomadas pelo Congresso."
Duda
O publicitário Duda Mendonça,
marqueteiro da campanha de Lula, cuidará da concepção da festa
preparada pelo PT para a posse
do presidente eleito.
Duda esteve ontem no Centro
de Treinamento do Banco do Brasil, em Brasília, cedido pelo governo federal para os trabalhos da
equipe de transição do PT. Ele
não deu declarações ao chegar,
por volta das 10h. Oficialmente,
foi divulgado que se tratava de
uma "visita".
Colaboraram RAYMUNDO COSTA e RAQUEL ULHÔA, da Sucursal de Brasília, e
LILIAN CHRISTOFOLETTI, enviada especial a Brasília
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