São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 2002

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NO AR

Todos pelo social

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

A TV estava em excitação descontrolada, com a reconstituição do crime no bairro de classe média.
Do helicóptero da Globo à reportagem de João Kleber, o "amor assassino" não tinha muito mais a oferecer. Mas qualquer crime é melhor que a agenda de Lula e FHC.
De todo modo, o país segue no esforço de trocar a "era" tucana pela petista. É assim que Otávio Mesquita, na madrugada da Band, abriu o programa fumando um charuto:
- Estou fumando um puro cubano. Como sei que o Lula adora, vou perguntar: Lula, você está otimista?
Entra uma gravação:
- Estou. Sinto que um novo Brasil está nascendo.
E Mesquita:
- Palmas para o Lula!
E iniciou uma série de programas, orgulhoso:
- Fomos os primeiros a chegar em Cuba após a eleição de Lula... Parabéns mais uma vez ao Lula... Eu acho a Revolução Cubana muito bonita.
O colunista social ensaiou até uma crítica à "globalização".
 
Não era só ele que vivia a nova era, na madrugada.
Na Record, um bispo apresentava um debate sobre liberar a adoção por casais homossexuais. Em destaque, as opiniões sensatas da presidente da Associação GLS do Brasil.
Mas quem muda quer trocar. Bispo Rodrigues, da Universal, cobrou por esses dias, no Passando a Limpo e no Jornal da Record, uma cadeira no conselho do pacto social.
José Dirceu não gostou nada, ele que anda às voltas com pressão por cargos do PC do B à maioria laica do PL:
- Não se trata de convidar esta ou aquela igreja.
E defendeu ardorosamente os católicos chamados ao pacto.
 
Acuado pelas demandas, o PT quer adiar de tudo, da equipe econômica exigida pelo "mercado" ao aumento do salário mínimo para R$ 240.
Estreando no discurso de oposição, FHC parecia sorrir, ao questionar na BBC Brasil os gastos que Lula ameaça fazer em seu governo:
- É preciso sempre tomar cuidado por causa da inflação, não se pode gastar mais do que é possível extrair.
Parecia nem lembrar da alta inflação que, com os aumentos indexados, deve entregar a Lula. Chegou a insinuar uma repetição da Argentina:
- Confiando que o novo governo seja competente para manter os instrumentos de decisão, não acho que vá acontecer nada parecido com a Argentina. Espero que não... Se não tiver um governo capaz de produzir superávit, diminuir a dívida e não dar o calote, nós vimos o que acontece...


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