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NO AR
Todos pelo social
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
A TV estava em excitação
descontrolada, com a reconstituição do crime no bairro
de classe média.
Do helicóptero da Globo à reportagem de João Kleber, o
"amor assassino" não tinha
muito mais a oferecer. Mas qualquer crime é melhor que a agenda de Lula e FHC.
De todo modo, o país segue no
esforço de trocar a "era" tucana
pela petista. É assim que Otávio
Mesquita, na madrugada da
Band, abriu o programa fumando um charuto:
- Estou fumando um puro
cubano. Como sei que o Lula
adora, vou perguntar: Lula, você
está otimista?
Entra uma gravação:
- Estou. Sinto que um novo
Brasil está nascendo.
E Mesquita:
- Palmas para o Lula!
E iniciou uma série de programas, orgulhoso:
- Fomos os primeiros a chegar em Cuba após a eleição de
Lula... Parabéns mais uma vez
ao Lula... Eu acho a Revolução
Cubana muito bonita.
O colunista social ensaiou até
uma crítica à "globalização".
Não era só ele que vivia a nova
era, na madrugada.
Na Record, um bispo apresentava um debate sobre liberar a
adoção por casais homossexuais.
Em destaque, as opiniões sensatas da presidente da Associação
GLS do Brasil.
Mas quem muda quer trocar.
Bispo Rodrigues, da Universal,
cobrou por esses dias, no Passando a Limpo e no Jornal da Record, uma cadeira no conselho
do pacto social.
José Dirceu não gostou nada,
ele que anda às voltas com pressão por cargos do PC do B à
maioria laica do PL:
- Não se trata de convidar esta ou aquela igreja.
E defendeu ardorosamente os
católicos chamados ao pacto.
Acuado pelas demandas, o PT
quer adiar de tudo, da equipe
econômica exigida pelo "mercado" ao aumento do salário mínimo para R$ 240.
Estreando no discurso de oposição, FHC parecia sorrir, ao
questionar na BBC Brasil os gastos que Lula ameaça fazer em
seu governo:
- É preciso sempre tomar cuidado por causa da inflação, não
se pode gastar mais do que é possível extrair.
Parecia nem lembrar da alta
inflação que, com os aumentos
indexados, deve entregar a Lula.
Chegou a insinuar uma repetição da Argentina:
- Confiando que o novo governo seja competente para
manter os instrumentos de decisão, não acho que vá acontecer
nada parecido com a Argentina.
Espero que não... Se não tiver
um governo capaz de produzir
superávit, diminuir a dívida e
não dar o calote, nós vimos o que
acontece...
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