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Lula critica elite, imprensa e banqueiros e elogia Chávez
Presidente diz que ele e o venezuelano são vítimas de "preconceito" e "incompreensões"
Mesmo após afirmar que não daria palpite na política da Venezuela, petista tratou colega como reeleito em comício para 20 mil pessoas
PEDRO DIAS LEITE
ENVIADO ESPECIAL A CIUDAD GUAYANA
Em um comício para cerca de
20 mil pessoas, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, em Ciudad Guayana, na Venezuela, que ele, assim
como seu colega Hugo Chávez
-que teria sido "agredido" por
um certo "tipo de meio de comunicação"- é vítima de "preconceito" e "incompreensões".
Mesmo após dizer que não
daria "palpite" na política venezuelana, o brasileiro fez campanha para Chávez, tratou o venezuelano como reeleito, se comparou mais de uma vez ao amigo e afirmou haver um grupo de
governantes alinhados eleitos
na América Latina -que, na
sua opinião, ganhou mais um
aliado, o sandinista Daniel Ortega, que voltará ao poder na
Nicarágua após 16 anos.
"Vim aqui em 2003. "Hace"
três anos, esta ponte estava
apenas começando. Depois fui
a Caracas e vi a televisão. E voltei ao Brasil dizendo a mim
mesmo que jamais tinha visto
um comportamento de um tipo
de meio de comunicação agredindo um presidente da República como tu foste agredido.
Eu jamais imaginei que isso pudesse acontecer no Brasil. E
aconteceu o mesmo", discursou Lula em português, enquanto um brasileiro fazia a
tradução simultânea para o espanhol. "A coisa que mais consolidou a minha consciência de
que nós estávamos certos é que
o povo reagiu no momento certo", disse o presidente.
No discurso, Lula voltou a
atacar as elites, criticar os banqueiros e dizer que governa para o povo mais pobre. "Sei que
tem eleições dia 3 [de dezembro]. Não sou venezuelano, não
posso dar palpite na política da
Venezuela. Não vou falar por
uma questão muito simples.
Aqui neste país acontece exatamente o mesmo que acontece
no Brasil", disse, aos gritos de
"Lula, Lula, Lula".
"Eu conheço o tipo de críticas que fazem a você, é a mesma
crítica que faziam a mim. Os
banqueiros ganharam muito
dinheiro no Brasil e sem dúvida
ganham muito aqui também.
Alguns empresários ganham
muito dinheiro aqui, como ganharam muito dinheiro lá.
Mas, se tiverem de fazer uma
opção entre você e um outro lá
que seja mais próximo deles,
não tenha dúvida de que o preconceito fará com que eles estejam do lado de lá", disse Lula.
Inauguração
Antes do discurso, Lula desfilou em carro aberto com Chávez sobre a ponte de 3,2 quilômetros sobre o rio Orinoco. A
obra foi construída pela empreiteira Odebrecht.
"Desde julho eu estava para
vir aqui para a inauguração da
ponte, por conta da legislação
brasileira [que proíbe esse tipo
de ato durante a campanha
eleitoral]", disse Lula. Questionado se na Venezuela podia fazer o que não pôde no Brasil,
afirmou que "deve permitir, senão não estaríamos aqui".
Apesar do comício eleitoral
que se seguiria, Chávez afirmou
que aquilo não era campanha,
mas "integração, estratégia".
"Aqui, como no Brasil, muitas vezes somos vítimas de incompreensões, de pessoas que
governaram os nossos países
durante séculos e séculos e que
não aceitam alguém que pense
diferente, que queira cuidar do
povo. Eles se habituaram a governar o país para 30% da população", disse o petista.
Gabrielli
Eduardo Campos (PSB), governador eleito de Pernambuco que acompanhou o presidente na viagem à Venezuela,
disse ontem que Lula sinalizou
que vai manter o presidente da
Petrobras, Sérgio Gabrielli.
Isso ocorreu quando ele conversou com Lula, no final de
outubro, sobre um projeto em
Pernambuco entre a estatal
brasileira e a venezuelana. Lula
o teria orientado a discutir a
questão com Gabrielli, o que
Campos considerou um sinal
de que ele ficará no cargo.
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