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Para manter tributo, governo cede e alíquota cairá até 2011
Equipe econômica acata redução gradual da CPMF para garantir os votos da base
Acordo feito com partidos
aliados prevê queda de 0,02
ponto percentual a cada ano
e que isenção seja concedida
a quem ganha até R$ 2.894
VALDO CRUZ
SILVIO NAVARRO
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em busca dos votos da base
aliada para aprovar a prorrogação da CPMF -o imposto do
cheque-, o governo cedeu ontem às pressões do PMDB e do
PDT, aceitou uma redução da
alíquota da contribuição maior
do que a planejada e já ensaia
uma nova rodada de negociação com o PSDB.
O acordo fechado ontem prevê uma redução da alíquota de
0,02 ponto percentual por ano
até 2011, quando cairia dos
0,38% atuais para 0,30%; uma
faixa de isenção da cobrança da
CPMF para quem ganha até
R$ 2.894,28 e um limite anual
para o aumento dos gastos com
pessoal da União de 2,5% reais.
A proposta não era a preferida do ministro Guido Mantega
(Fazenda), que ofereceu inicialmente aos líderes da base
um corte anual de apenas 0,01
ponto percentual na alíquota e
uma faixa de isenção R$ 1.640.
PMDB e PDT, porém, rechaçaram a sugestão, o que colocaria em risco a aprovação da
CPMF já na CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça) do Senado -onde o governo conseguiu ontem derrubar o relatório do DEM que vetava a prorrogação da cobrança. O acordo
foi oficializado pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá
(PMDB-RR), na abertura dos
trabalhos da comissão.
Tanto o PMDB como o PDT
comunicaram aos ministros
Mantega e Walfrido dos Mares
Guia (Relações Institucionais)
que só votariam a favor com um
corte na alíquota de 0,02 ponto
percentual. Diante da reação, o
governo abandonou a estratégia de iniciar as conversas com
a base propondo uma redução
de 0,01 e, depois, subir para
0,015 ponto percentual, o que
representaria uma perda anual
de R$ 1,5 bilhão na receita.
"Chegamos no limite da negociação para reduzirmos a alíquota. Mais do que isso teríamos que desfigurar a proposta
orçamentária", disse Mantega.
Pelos cálculos da Fazenda, a
perda de arrecadação até 2011,
devido a essas últimas concessões, seria de R$ 24 bilhões.
Aos aliados, Mantega tentou
dourar a pílula, dizendo que iria
baixar até o final do mês um pacote com desonerações de impostos com o lançamento da
nova política industrial. Não
funcionou. Ele foi obrigado a
ceder não só na questão da alíquota mas também na faixa de
isenção, que passou de R$ 1.640
para R$ 2.894 -o teto de contribuição da Previdência Social.
Também consta do pacote o
aumento no repasse de verbas,
no valor de R$ 24 bilhões em
quatro anos, para a saúde.
Na prática, o pacote é o mesmo proposto inicialmente pela
própria base, mas recusado pela equipe econômica na época
para que fosse oferecido algo
que agradasse ao PSDB. Para
governistas, a proposta deve
impulsionar nova rodada de
negociações com os tucanos.
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