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PF prende 19 suspeitos de contrabando
Assessor parlamentar demitido ontem está entre os acusados de integrar esquema que trazia mercadorias do Paraguai
Segundo PF, funcionário da presidência do Senado usou cota de correios de pelo menos três deputados do PMDB para levar carga
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal prendeu
ontem um grupo de 19 pessoas
acusadas de contrabandear
mercadorias do Paraguai para
vender e redistribuir a partir de
Brasília. Entre os presos está o
assessor parlamentar Carlos
Rudiney Mattoso, que trabalhava como fotógrafo da presidência do Senado.
Segundo a investigação da
PF, o fotógrafo usou a cota de
parlamentares para gastos com
correios do gabinete de pelo
menos três deputados, todos do
PMDB de Alagoas, para transportar mercadoria supostamente contrabandeada.
Os deputados que tiveram as
cotas usadas são Olavo Calheiros, Cristiano Matheus e Joaquim Beltrão. Cada deputado
dispõe de uma cota mensal de
R$ 4.268,55 para cobrir despesas com telefone e correios.
Parte da verba dos gabinetes
de Matheus e Beltrão foi usada
para transportar laptops para o
Amapá. No caso de Calheiros,
fez-se o financiamento de uma
remessa destinada à cidade de
Paracatu (MG).
Responsável pela investigação, o delegado federal Wesley
Almeida disse que até o momento não há indícios de envolvimento dos parlamentares
nas irregularidades detectadas.
"Pelo que investigamos, houve a prática dos crimes de contrabando, descaminho, quadrilha e também lavagem de dinheiro", disse o delegado.
O fotógrafo foi contratado
para trabalhar na presidência
do Senado na gestão de Renan
Calheiros (PMDB-AL). Tão logo se tornou público o envolvimento de Mattoso, a assessoria
da presidência da Casa informou sua demissão em nota.
Por meio de assessores, Matheus e Beltrão negaram qualquer tipo de envolvimento em
atos irregularidades eventualmente praticados pelo fotógrafo. Calheiros não respondeu a
recado deixado pela reportagem ontem à tarde.
No comando
O comércio do contrabando
era comandado, segundo a PF,
pela família de ascendência libanesa Diab. Sob a acusação de
praticar os crimes de contrabando, descaminho, quadrilha
e lavagem de dinheiro foram
presos sete irmãos Diab -daí a
razão de batizar a operação policial de Sete Erros.
O grupo tinha uma base em
Foz do Iguaçu, local de fornecimento da mercadoria e onde
ocorreram duas das 19 prisões.
Em Brasília os produtos
eram vendidos na Feira dos
Importados, um grande mercado popular. Ali a família Diab,
sempre segundo a PF, comandava um conjunto de barracas,
entre as quais as maiores eram
a Hollywood e a Ali Babá.
Houve também a prisão do
policial civil Reinaldo Barros,
acusado de repassar dados sigilosos aos investigados. Equipamentos de informática eram os
principais produtos comercializados pelo esquema.
A investigação começou há
seis meses com base em denúncias e também em informações
levantadas pela Polícia Civil do
Distrito Federal.
Aberto o inquérito na PF, foram identificadas, em um período de apenas 40 dias, remessas de dinheiro que totalizam
R$ 1 milhão para Foz do Iguaçu.
Os recursos circularam pelo
sistema financeiro regular, mas
em conta de laranjas.
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