|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PF isola Pitta e Nahas em outro inquérito
Dantas passa a ser alvo de uma investigação, sobre lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta, e não de duas, como queria Protógenes
Hoje um inquérito trata do grupo Opportunity e outro averigua investidor Nahas
e demais investigados
na Operação Satiagraha
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal de São Paulo passou a investigar em dois
inquéritos distintos os indícios
levantados pela Operação Satiagraha. Os dados que apontam supostos crimes cometidos pelo banqueiro Daniel
Dantas e pelo grupo Opportunity foram isolados num inquérito, enquanto o segundo trata
dos indícios referentes ao investidor Naji Nahas, ao ex-prefeito Celso Pitta e aos demais
investigados no que a PF chama de "grupo do Nahas".
O "grupo de Dantas" é investigado no inquérito presidido
pelo delegado Ricardo Saadi,
que, em julho, por indicação da
Superintendência da PF em SP,
substituiu o delegado Protógenes Queiroz no comando da
operação. O inquérito de Saadi,
que na sexta-feira enviou à Justiça um relatório preliminar, é
o mesmo que já foi presidido
por Protógenes.
A forma pela qual foram divididos os indícios -estratégia
que teria tido o apoio do Ministério Público Federal- difere
daquilo que Protógenes imaginou como o futuro da Satiagraha. No relatório final que entregou em 18 de julho ao juiz da 6ª
Vara Federal Criminal, Fausto
De Sanctis, Protógenes havia
escrito que um inquérito devia
apurar suposta "gestão fraudulenta" do Opportunity. O segundo abordaria "Dantas e os
indícios referentes ao crime de
"lavagem de capitais" e outros
crimes correlatos por parte
deste grupo ou da organização
comandada por Naji Nahas".
Ou seja, para Protógenes deveriam existir dois inquéritos
sobre Dantas, e não apenas um.
Nahas e Pitta, segundo relatórios parciais da Satiagraha,
estariam relacionados a "operações ilegais com precatórios"
(dívidas da administração pública com pagamento determinado pelo Judiciário).
Com a saída de Protógenes, o
comando da investigação decidiu que não haverá dois inquéritos tratando de Dantas, mas
apenas um, que englobaria tanto a lavagem de dinheiro quanto a gestão fraudulenta.
No relatório final, Protógenes dizia acreditar que as duas
"organizações" interligavam-se: "No desenrolar dos trabalhos tanto de análise dos arquivos contidos no HD do Opportunity quanto de atividade de
inteligência policial (...) identificamos laços históricos entre
os dois capos Daniel Dantas e
Naji Nahas, bem como a interligação entre ambos, surgindo
uma segunda organização criminosa comandada pelo segundo e interligando-se com a
do primeiro, para prática de
crimes financeiros e lavagem
de dinheiro, mas que serão apurados em instrumentos distintos já instaurados".
A delegada Erika Marena, lotada na PF do Paraná, é responsável pelo inquérito que trata
do "grupo de Nahas". Erika está
fora da investigação desde a segunda metade de setembro -a
explicação oficial é que participa de um curso de formação
profissional no exterior e em
breve retornará à investigação.
A Folha apurou que este inquérito teve avanços nos últimos quatro meses. A delegada
tomou depoimentos de dezenas de pessoas citadas nos relatórios policiais. Mas ela ainda
aguarda os resultados das perícias que estão sendo realizadas
no material apreendido nas casas dos investigados no dia 8 de
julho. Sem as perícias, o inquérito não tem como acabar.
Um terceiro inquérito que
nasceu da Satiagraha foi concluído por Protógenes e virou
ação penal, após a denúncia
oferecida pelo Ministério Público Federal. A ação, que corre
na 6ª Vara Federal, apura o oferecimento de US$ 1 milhão por
emissários de Dantas para que
a PF deixasse de investigá-lo.
Texto Anterior: Outro lado: "Operação é coleção de ilegalidades", diz defesa Próximo Texto: Inquérito: Relatório é desapaixonado, afirma Tarso Índice
|