São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 2000

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PMDB cobrará apoio de FHC ao nome de Jader

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PMDB cobrará apoio de Fernando Henrique Cardoso à candidatura de Jader Barbalho à presidência do Senado. A decisão ocorreu anteontem, em jantar da cúpula da sigla na casa do presidente da Câmara, Michel Temer.
A Folha apurou que essa foi a reação do PMDB ao ataque do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), a FHC. ACM disse que o presidente tolera a corrupção, referindo-se a órgãos sob controle do PMDB, o DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) e a Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia).
Para o partido, o ataque de ACM e a fraca reação do presidente ameaçam minar a candidatura Jader. Avalia-se que a resposta palaciana, que se limitou a negar tolerância com a corrupção, deixou mal os ministros peemedebistas Eliseu Padilha (Transportes) e Fernando Bezerra (Integração Nacional), passando a impressão de que há irregularidades nas áreas peemedebistas.
O partido escalou o assessor especial da Presidência, o peemedebista Moreira Franco, para levar o recado a FHC. Jader estaria, por exemplo, disposto a colher assinaturas para uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Corrupção. Um dos alvos seria a OAS empreiteira ligada a ACM, que segundo o próprio pefelista, teria dado dinheiro a Jader. É uma ameaça velada de investigar casos de irregularidades que não envolvam apenas o PMDB, mas episódios que podem trazer incômodo ao governo e a partidos aliados.
Ou seja, os peemedebistas estão dando um sinal de que, se Jader sair perdendo na disputa no Senado, não terão como controlar o senador paraense, que poderia passar a criar problemas para FHC na mesma linha de ACM.
Segundo peemedebistas, o partido é mais fiel ao presidente do que o PFL, que tem um cacique como ACM que vive desgastando o presidente e que agora voltou as baterias contra Jader.
O PMDB avalia que FHC pode, no bastidor, jogar contra ACM e ajudar a eleger o senador paraense, presidente do PMDB.
A sigla quer usar o ataque do pefelista a FHC para tentar forçar esse apoio. Para o PMDB, uma saída seria FHC conversar com ACM e tentar remover o veto a Jader.
Um cacique peemedebista argumentou que Jader poderia ter sido candidato a presidente do Senado com apoio de ACM.
A desavença entre os dois começou quando Jader defendeu uma posição de FHC quando ACM cobrava reajuste para o salário mínimo. Dali em diante, a relação ACM-Jader se transformou em troca de insultos e de acusações de corrupção.
(KENNEDY ALENCAR)




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