São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 2002

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TRANSIÇÃO

Futuro ministro quer aproveitar funcionários de escalões inferiores na Fazenda; há 5 cargos principais a preencher

Palocci acha "difícil" manter assessores mais ligados a Malan

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O futuro ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, pretende aproveitar em sua equipe técnicos e funcionários de carreira hoje distribuídos nos escalões inferiores da área econômica, mas considera "difícil" a permanência de assessores mais diretamente ligados ao atual titular da pasta, Pedro Malan.
"Não existe nenhuma proibição na minha cabeça, mas a tendência não é essa", disse Palocci, em breve conversa com a Folha, a respeito da possibilidade de manter os atuais ocupantes de postos-chave como as secretarias do Tesouro e da Receita.
Segundo relatório do banco ABN-Amro noticiado ontem pela Folha, Palocci, durante reunião com banqueiros em Nova York na última quarta-feira, declarou ter a intenção de aproveitar profissionais que hoje trabalham no Ministério da Fazenda e no Banco Central.
Palocci confirmou a informação, mas nega que a razão seja "a falta de quadros do PT com experiência técnica relevante" relatada pelo ABN-Amro.
"Não faltam técnicos competentes no PT, mas ninguém disse que diretores do BC, por exemplo, precisam ser técnicos do PT", argumentou o futuro ministro.
Não há, segundo ele, novidade em outro trecho do documento -o que reporta a menção feita por Palocci à possibilidade de elevar as metas de aperto fiscal no próximo ano.
"Sempre disse que faríamos o superávit necessário para estabilizar a dívida pública", afirmou.
Em uma entrevista coletiva improvisada ontem na portaria do Ministério da Fazenda, após reunião de quatro horas entre Malan e Palocci, o petista foi questionado se o "superávit necessário" será o de 3,75% do PIB (Produto Interno Bruto), fixado no acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional). "Isso nós vamos avaliar", respondeu.

Equipe
Para a montagem de sua equipe no ministério, Palocci tem cinco cargos principais a preencher. O de secretário-executivo, uma espécie de vice-ministro, está vago desde o final do mês passado, quando Amaury Bier partiu para um posto no Banco Mundial.
Na Receita Federal, o atual secretário, Everardo Maciel, conta com a amizade e a admiração de Palocci, mas ficou desgastado por ter feito oposição à proposta de reforma tributária negociada em 1999 pelo Congresso, que o PT pretende ressuscitar.
A Secretaria de Política Econômica foi assumida em outubro por Arno Meyer, em substituição a José Guilherme Reis, que foi para a OIT (Organização Internacional do Trabalho).
O secretário de Acompanhamento Econômico, Claudio Considera, tem projeto acadêmico no Reino Unido.
Palocci negou que já tenha convidado o secretário do Tesouro, Eduardo Guardia, a ficar no posto, mas o elogiou. "É uma pessoa de muita competência e preparado para o cargo que exerce, como aliás a equipe toda do Ministério da Fazenda me parece de muita competência."
Os diretores do BC estão sendo escolhidos por Palocci e pelo futuro presidente da instituição, Henrique Meirelles. Como não haverá tempo para o Senado aprovar todo o grupo ainda neste ano, a atual diretoria permanecerá pelo tempo que for preciso.
Restam ainda nomeações importantes como as presidências e as diretorias do Banco do Brasil, da CEF (Caixa Econômica Federal) e da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
"Não temos pressa no sentido de mudar pessoas", disse Palocci, que fixou o prazo mais elástico possível para a definição de sua equipe: 31 de dezembro.


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