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TRANSIÇÃO
Futuro ministro quer aproveitar funcionários de escalões inferiores na Fazenda; há 5 cargos principais a preencher
Palocci acha "difícil" manter assessores mais ligados a Malan
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O futuro ministro da Fazenda,
Antonio Palocci Filho, pretende
aproveitar em sua equipe técnicos
e funcionários de carreira hoje
distribuídos nos escalões inferiores da área econômica, mas considera "difícil" a permanência de
assessores mais diretamente ligados ao atual titular da pasta, Pedro Malan.
"Não existe nenhuma proibição
na minha cabeça, mas a tendência
não é essa", disse Palocci, em breve conversa com a Folha, a respeito da possibilidade de manter os
atuais ocupantes de postos-chave
como as secretarias do Tesouro e
da Receita.
Segundo relatório do banco
ABN-Amro noticiado ontem pela
Folha, Palocci, durante reunião
com banqueiros em Nova York
na última quarta-feira, declarou
ter a intenção de aproveitar profissionais que hoje trabalham no
Ministério da Fazenda e no Banco
Central.
Palocci confirmou a informação, mas nega que a razão seja "a
falta de quadros do PT com experiência técnica relevante" relatada
pelo ABN-Amro.
"Não faltam técnicos competentes no PT, mas ninguém disse
que diretores do BC, por exemplo,
precisam ser técnicos do PT", argumentou o futuro ministro.
Não há, segundo ele, novidade
em outro trecho do documento
-o que reporta a menção feita
por Palocci à possibilidade de elevar as metas de aperto fiscal no
próximo ano.
"Sempre disse que faríamos o
superávit necessário para estabilizar a dívida pública", afirmou.
Em uma entrevista coletiva improvisada ontem na portaria do
Ministério da Fazenda, após reunião de quatro horas entre Malan
e Palocci, o petista foi questionado se o "superávit necessário" será o de 3,75% do PIB (Produto Interno Bruto), fixado no acordo
com o FMI (Fundo Monetário Internacional). "Isso nós vamos
avaliar", respondeu.
Equipe
Para a montagem de sua equipe
no ministério, Palocci tem cinco
cargos principais a preencher. O
de secretário-executivo, uma espécie de vice-ministro, está vago
desde o final do mês passado,
quando Amaury Bier partiu para
um posto no Banco Mundial.
Na Receita Federal, o atual secretário, Everardo Maciel, conta
com a amizade e a admiração de
Palocci, mas ficou desgastado por
ter feito oposição à proposta de
reforma tributária negociada em
1999 pelo Congresso, que o PT
pretende ressuscitar.
A Secretaria de Política Econômica foi assumida em outubro
por Arno Meyer, em substituição
a José Guilherme Reis, que foi para a OIT (Organização Internacional do Trabalho).
O secretário de Acompanhamento Econômico, Claudio Considera, tem projeto acadêmico no
Reino Unido.
Palocci negou que já tenha convidado o secretário do Tesouro,
Eduardo Guardia, a ficar no posto, mas o elogiou. "É uma pessoa
de muita competência e preparado para o cargo que exerce, como
aliás a equipe toda do Ministério
da Fazenda me parece de muita
competência."
Os diretores do BC estão sendo
escolhidos por Palocci e pelo futuro presidente da instituição, Henrique Meirelles. Como não haverá
tempo para o Senado aprovar todo o grupo ainda neste ano, a
atual diretoria permanecerá pelo
tempo que for preciso.
Restam ainda nomeações importantes como as presidências e
as diretorias do Banco do Brasil,
da CEF (Caixa Econômica Federal) e da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
"Não temos pressa no sentido
de mudar pessoas", disse Palocci,
que fixou o prazo mais elástico
possível para a definição de sua
equipe: 31 de dezembro.
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