São Paulo, terça-feira, 14 de dezembro de 2004

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QUESTÃO NUCLEAR

Obra para explorar urânio no Ceará só tem uma licença estadual

Mina não tem autorização do Ibama

ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A INB (Indústrias Nucleares do Brasil) não respeitou a legislação para iniciar o processo de construção do que será a maior mina de urânio do país, segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Numa operação que visava acelerar o início de suas atividades na mina de Santa Quitéria, no Ceará, a estatal pediu uma licença para o início de suas obras à Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace).
Segundo o coordenador-geral de Licenciamento do Ibama, Luiz Felippe Kunz Junior, Estados não podem autorizar atividades que envolvam materiais radioativos. Isso compete apenas à União. A INB afirmou que o urânio seria apenas um subproduto da mina de Santa Quitéria. O principal minério, segundo justificativa da estatal, seria o fosfato.
"O argumento não é crível", afirma o diretor de Licenciamento e Qualidade Ambiental do Ibama, Nilvo Silva. Para ele, é difícil supor que o principal interesse da empresa, única com direito de exploração e enriquecimento de urânio no país seja o fosfato, usado na fabricação de fertilizantes.
À Semace, a INB pediu justamente autorização para explorar o fosfato. No final de setembro, após ter conseguido a licença de instalação do órgão estadual -que permite o início de obras-, solicitou ao Ibama uma licença para explorar o urânio.
O Ibama avisou a empresa que ela não estava cumprindo as normas para iniciar suas atividades no Ceará. O urânio, no caso de Santa Quitéria, será extraído associado ao fosfato. "É uma única operação, que envolve material radioativo; portanto, o licenciamento tem que ser feito no Ibama", afirma Kunz Junior.
Se for confirmada a existência de construções no local, a empresa poderá ser multada, apesar da licença da Semace.
A Folha enviou por e-mail, conforme solicitado pela INB, uma lista de perguntas sobre o processo. A assessoria da estatal afirmou que o diretor da área só teria tempo para responder ao e-mail hoje.


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