São Paulo, quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Assinatura de Tarso é falsa, conclui perito

RUBENS VALENTE

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Laudo do perito criminal Domingos Tocchetto, que na década de 1990 apontou falhas na perícia oficial do caso PC Farias, concluiu que é falsa a assinatura atribuída ao então presidente do PT, Tarso Genro, na representação que pediu, em outubro, a cassação do mandato do deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS), por suposta quebra de decoro parlamentar.
O perito, contratado pela Executiva Nacional do PFL, comparou 42 diferentes assinaturas de Tarso em documentos públicos, entre 1993 e 2005, e concluiu que o ex-ministro da Educação não é o autor da rubrica que protocolou a denúncia contra Lorenzoni.
"Concluímos que a assinatura questionada, cuja autoria foi atribuída a Tarso Genro, (...) não é autêntica e não confere com as assinaturas-padrão produzidas pelo punho escritor de Tarso Genro", afirma o laudo de Tocchetto, que é perito aposentado e ex-diretor substituto do Instituto de Criminalística do Rio Grande do Sul.
Em novembro, Tarso reconheceu assinaturas suas semelhantes às da representação, num cartório de Porto Alegre, e enviou à direção nacional do PT, em carta que diz ser o autor da rubrica na representação. As assinaturas foram tomadas após suspeita de fraude na representação, levantada pela revista "Veja", que tomou como base um laudo do Instituto Del Picchia, de São Paulo.
Essas assinaturas foram comparadas pelo perito e o resultado foi igual: "Nenhuma das 42 assinaturas autênticas de Tarso Genro, usadas como padrões, reproduz a forma, a gênese e a posição relativa do grama de ataque (traço inicial) da assinatura questionada".
O deputado do PFL foi atacado pelo PT por ter divulgado dados da CPI dos Correios sobre a conduta do ex-deputado federal José Dirceu no escândalo do "mensalão". O PT acusou Lorenzoni de revelar "documentos sigilosos" de Dirceu, ao questionar o pagamento de uma dívida de R$ 14,3 mil do ex-parlamentar com o PT.
O registro da dívida consta dos documentos públicos entregues pelo PT ao Tribunal Superior Eleitoral. O dinheiro do Fundo Partidário foi usado por Dirceu para pagar gastos pessoais de sua mulher em viagem ao exterior. Ele devolveu o dinheiro ao PT.
Tarso não foi localizado. A direção nacional do PT em São Paulo não se manifestou até o final da tarde de ontem. O processo foi suspenso para que seja tirada a dúvida sobre a rubrica.


Texto Anterior: Escândalo do "mensalão"/PT x PT: Tarso critica método "bolchevique" de Dirceu
Próximo Texto: Contas em xeque: BC refuta responsabilidade por má fiscalização
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.