São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

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Toda Mídia

Nelson de Sá

"JK" e os movimentos

No intervalo de reuniões sobre o pacote econômico, Lula recebeu os movimentos sociais, sem "photo-op". O encontro entrou na escalada de manchetes da Record, mas nem foi citado no "Jornal Nacional".
MST, CUT etc. "pressionam a levar o governo para a esquerda", na Reuters Brasil, e "querem Lula de volta à esquerda", na Folha Online. O MST avisou que "acabou a fase do movimento chapa-branca" e a UNE já programou "manifestações de rua, uma contra Henrique Meirelles". Depois, no Terra e outros, Lula declarou que sua crítica à esquerda foi "brincadeira".
De volta às reuniões sobre o pacote, na manchete do "Valor Econômico" de ontem, o destaque de que seu plano de metas "se inspira em JK", não na esquerda.

BARULHO AQUI E ALI
Longe dos movimentos sociais, após o primeiro encontro do "conselho político", com presidentes dos partidos governistas, segundo a Folha Online, Lula saiu dizendo que o pacote econômico que vem desenhando deve provocar "um barulho aqui e outro ali", mas é necessário porque:
- Há muita coisa que atrapalha o crescimento do país, muitas normas que têm que ser mudadas. E que só vão ser mudadas se a gente tiver boa cumplicidade com o Congresso e a sociedade brasileira.

OS PRIMEIROS
Como resultado do encontro, no registro do "JN" e na manchete dos portais à noite, os presidentes dos "nove partidos da coalizão" serão os primeiros a conhecer as medidas do pacote, em nova reunião na terça ou na quarta que vem. Mas nada de conversar também com os movimentos.

JÁ ESCOLHE
Antes do conselho, as exigências de cargos se espalhavam pela internet, como na manchete do UOL, "PDT decide apoiar Lula e já escolhe ministérios". Não quer Pesca e coisas assim, mas Educação, Cidades, Previdência, por aí.

PRAGMATISMO
E prossegue a análise do ciclo eleitoral na América Latina. Ontem foi o "Washington Post", com longo artigo de um diretor do Hudson Institute, "Uma esquerda pragmática na América Latina". O início:
- Não muito tempo atrás, Lula era recebido como uma influência castrista na centralização da economia ao estilo comunista e na subversão das democracias vizinhas. Após quatro anos de governança responsável, não dispara mais os alarmes em Washington.
A idéia é que a Casa Branca "tenha Lula em mente" ao lidar com os recém-chegados.

"ENGAJAR"
É o que pensa também o subsecretário para o hemisfério no Departamento de Estado, Thomas Shannon, que quer "engajar de forma inteligente" a região para conseguir "um impacto significativo".
Em resposta à BBC Brasil, sobre a "agenda travada" no comércio, disse que Brasil e EUA "têm política comercial agressiva, o que é positivo", mas tudo se decidirá na OMC.
Já o novo embaixador do Brasil em Washington fala em "relançar" a negociação entre Mercosul e EUA, "mas os americanos têm resistido".

SEM SES NEM MAS
Em editorial sobre Pinochet, a "Economist" foi direta:
- Sem ses nem mas. Seja o que for que o general tenha feito pela economia, ele foi um homem mau... Mesmo se a história vier a se importar de recordar que ele privatizou a previdência, isso não vai apagar a memória da tortura.
Já a reportagem "Acabando com a impunidade" avaliou que seu "legado involuntário" é o movimento crescente por punição de déspostas. Até o Brasil, observa, "acaba de abrir a sua primeira investigação", sobre Brilhante Ulstra.

economist.com/Reprodução
"NÃO MEXA COM A RÚSSIA"
A capa da "Economist" expõe o "abuso da Rússia com seu músculo de energia". O poder do petróleo e do gás, o mesmo que dobrou o Brasil na Bolívia, levou agora a britânica Shell e parceiros japoneses a passar concessões à russa Gazprom. Isso, avisa a revista, "é ruim para seus cidadãos, para seus vizinhos", a saber, a Europa Ocidental, "e para o mundo".


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