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Impostos devem subir para compensar o fim da CPMF
Lula diz a equipe que o ajuste fiscal será mantido sem cortes na área social
Sem os R$ 40 bi do tributo,
equipe econômica fará
pacote que será divulgado
na próxima semana; petista
evita mexer em superávit
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A estratégia do governo para
superar a ressaca com a derrota
da prorrogação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) foi, antes de anunciar qualquer medida, unificar o discurso "anti-caos", sinalizando para o mercado financeiro que o ajuste fiscal será mantido e transferindo
a responsabilidade para "uma
minoria da oposição".
O pacote para compensar a
perda de R$ 40 bilhões na arrecadação virá apenas na semana
que vem e, por determinação
do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, deverá compatibilizar
a economia feita pelo governo
para abatimento da dívida (superávit primário), com os investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e gastos na área social.
Para viabilizar a equação, o
governo cortará despesas, entre elas as emendas parlamentares, e aumentará impostos,
como a CSLL (Contribuição
Social sobre Lucro Líquido),
IOF (Imposto sobre Operações
Financeiras) e PIS/ Cofins.
Foi definido que medidas
que implicariam cortes de impostos, como a nova política industrial e a desoneração da folha de pagamento, ficarão engavetadas. O governo vai retardar as operações que vão autorizar o aumento no limite de
endividamento dos Estados.
Sobre o superávit primário, o
PAC e as políticas sociais, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) disse à Folha que "o
presidente não quer que mexa". "Não vamos jogar a conta
para os mais pobres e nem no
PAC, mas teremos que fazer
um esforço de arrecadar mais e
remanejar gastos porque temos um rombo de R$ 40 bilhões no orçamento", disse.
Segundo ele, o governo não
pretende apresentar uma nova
proposta para manter a CPMF.
A Folha apurou que o governo espera contar com um aumento das receitas em função
do aquecimento da economia
acima do esperado, já que o
crescimento em 2008 deverá
superar os 5% previstos. Estimativa preliminar aponta ganho de R$ 23 bilhões em 2008.
No encontro do governo pela
manhã, foi destacado que era
preciso neutralizar "o clima de
terror", evitando que o fim da
CPMF colocasse em dúvida o
compromisso de manter o
ajuste fiscal. A decisão foi do
próprio Lula, que descartou a
redução do superávit.
O medo era que um estresse
maior no mercado financeiro
comprometesse a principal
meta de curto prazo da área
econômica: receber das agências internacionais de classificação risco o selo de grau de investimento, o que poderá atrair
dinheiro estrangeiro para financiar obras. Isso aconteceria
no primeiro trimestre de 2008.
Afinado o discurso, o ministro Guido Mantega (Fazenda)
passou o recado oficial numa
entrevista à imprensa. Com a
expressão tensa, fora do seu
habitual, Mantega agradeceu
aos que se empenharam pela
aprovação da CPMF. No entanto, disse, "uma minoria" não
quis a aprovação. "Mesmo fazendo todas as concessões, encontraram subterfúgio".
Para Bernardo, a oposição
votou "de olho em 2010". O
crescimento da economia, a
popularidade do governo, tudo
deixou o pessoal irritado."
Desgastado com as negociações, Mantega enfatizou que as
metas fiscais "serão cumpridas
rigorosamente". Antes da votação, o ministro chegou a dizer
que o equilíbrio fiscal seria afetado caso a CPMF não fosse
prorrogada.
(SHEILA D'AMORIM, VALDO CRUZ, LETÍCIA SANDER, JULIANA
ROCHA E LUCIANA OTONI)
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